Funchal: Prevenção de abusos esteve no centro das reflexões no dia do catequista

Nesta iniciativa estiveram reunidos mais de 500 catequistas na Paróquia do Campanário

Foto: Jornal da Madeira/Duarte Gomes

Funchal, 07 out 2024 (Ecclesia) – A Paróquia do Campanário (Funchal) acolheu, no dia 05 de outubro, “mais de 500 catequistas” de 70% das paróquias da diocese que receberam formação sobre “Compreender, Prevenir e Agir”.

Os trabalhos, subordinados ao tema “Compreender, Prevenir e Agir”, teve como destaque uma intervenção sobre “Prevenção da violência sexual contra crianças e adultos vulneráveis”, ministrada pelo Grupo VITA, intervenção esta dividida em duas parte e com direito à colocação de questões no final.

À margam dos trabalhos, que reuniram também alguns professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) e outros agentes pastorais, o Jornal da Madeira falou com o padre Héctor Figueira, do Departamento da Catequese do Secretariado Diocesano da Educação Cristã responsável pela organização do evento, sobre o tema escolhido para o dia do catequista deste ano.

“Nós estamos em linha com a Conferência Episcopal Portuguesa, com o Secretariado Nacional de Educação Cristã e a Comissão de acompanhamento de Crianças, Jovens e Pessoas Vulneráveis” e “os catequistas não poderiam ficar de fora da formação que tem sido dada sobre este tema, porque eles são a “porta” de entrada na Igreja, para aqueles que se iniciam na fé”.

Foto: Jornal da Madeira/Duarte Gomes

Os catequistas podem “prevenir e ajudar aqueles que nos âmbitos da sua vida, escola, desporto e família, precisam desta ajuda para prevenir, evitar, remediar algum abuso de vária ordem. Por isso estamos aqui numa abordagem ampla procurando fazer aquilo que fazemos que é a transmissão de valores, mas dando aos catequistas ferramentas para que eles estejam atentos a situações que nos batem à porta e nós não sabemos o que fazer”.

De resto, de acordo com Rute Agulhas, coordenadora do Grupo VITA, “ao mesmo tempo que importa escutar as vítimas e reparar, na medida do possível, o passado, é preciso também agir no presente e sobretudo prevenir no futuro”.

“É para isso, de resto que servem estas formações que têm sido feitas e que procuram quebrar tabus e consciencializar toda a comunidade para a existência de violência sexual contra crianças e adultos vulneráveis em diversos contextos, incluindo o contexto eclesiástico”.

Em ano e meio de funcionamento, a psicóloga confirma que contactaram o Grupo Vita 111 pessoas – “vítimas não anónimas, que reportaram a sua situação” e explica que ao longo deste tempo se registaram vários momentos, “um logo no início, quando o grupo foi criado, outro em agosto com as JMJ e a vinda do Papa Francisco e agora, mais recentemente, porque se tem falado dos processos de reparação às vítimas”.

As formações visam confirmar que os casos existem, mas sobretudo capacitar, formar e desconstruir algumas ideias que prevalecem “nos agentes que trabalham ou estão ligados ao contexto da igreja como as Escolas, os colégios católicos, os professores de EMRC, os catequistas os escuteiros, grupos de jovens as paróquias, no fundo um conjunto”.

No fundo “queremos que estas pessoas se sintam mais preparadas para saber não só detetar uma eventual situação, mas depois saber o que fazer e o que não fazer, agirem no sentido de uma proteção e de um cuidado”, acrescenta.

Foto: Jornal da Madeira/Duarte Gomes

Para isso, nas formações, procura-se mostrar que “é possível falar de temas difíceis e pesados do ponto de vista emocional de uma forma descontraída, aberta e clara”, procurando deixar pistas para que, na relação e proximidade que se cria entre catequistas e catequizandos se possam detetar pequenas situações que possam levar ao conhecimento de que algo de estranho se passa.

De resto, para além de tudo aquilo que é dito em contexto de formação, o Grupo Vita tem um manual de que pode e deve ser descarregado e consultado por quem lida nestes contextos, como é o caso também dos sacerdotes que na sexta-feira, dia 4 de outubro tiveram igualmente uma formação de seis horas ministrada pelo grupo, mais precisamente por Ricardo Barroso.

Foi “um trabalho muito interessante e muito participado”, com o responsável a sublinhar que “há andamentos diferentes entre as dioceses do país onde algumas, caso do Funchal, já a dar passos concretos no terreno com estas formações, etc. e outras que ainda estão num processo de ponderação e de planeamento.”

A encerrar este dia diocesano realizou-se a eucaristia, presidida desta vez pelo vigário geral da diocese e concelebrada por vários sacerdotes diocesanos.

LFS

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