Itália: Papa alertou para as «pessoas à margem, descartadas, esquecidas», numa sociedade «cada vez mais eficiente e implacável»

Francisco recebeu projeto «Custódios da Beleza», que «não é um simples slogan, mas indica um modo de ser»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 30 set 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje os participantes do ‘Custódios da Beleza’, projeto da Conferência Episcopal Italiana que passa uma “mensagem importante para a comunidade eclesial e para a sociedade” ao querer restaurar a dignidade dos setores mais frágeis.

“Hoje há muitas pessoas à margem, descartadas, esquecidas numa sociedade cada vez mais eficiente e implacável: os pobres, os migrantes, os idosos e os deficientes sozinhos, os doentes crónicos. No entanto, cada um é precioso aos olhos do Senhor”, disse o Papa, no encontro realizado na Sala Clementina.

No discurso, Francisco afirmou que ser ‘Custódios da Beleza’ é uma grande responsabilidade, e também “uma mensagem importante para a comunidade eclesial e para a sociedade como um todo”.

Para o Papa, o nome deste projeto da Conferência Episcopal Italiana, ‘Custódios da Beleza’, “não é um simples slogan, mas indica um modo de ser”, um estilo, uma escolha de vida orientada para “duas grandes finalidades: Custodiar e beleza”.

Neste contexto, explicou que custodiar significa “proteger, conservar, zelar e defender”, uma ação multifacetada que exige atenção e cuidado, “pois parte da consciência do valor de quem ou do que é confiado”, o que “não permite distrações e preguiça”.

“Quem custodia fica de olhos bem abertos, não tem medo de perder tempo, de se envolver, de assumir responsabilidades.”

Segundo Francisco, cada pessoa “com as suas capacidades e competências, com inteligência e coração”, pode fazer algo para proteger as coisas, os outros, a Casa Comum, “numa perspetiva de cuidado integral da criação”, num contexto que, “muitas vezes, convida a não ‘sujar as mãos’ e a delegar”.

O Papa citou São Paulo, na Carta aos Romanos, para lembrar que “a criação toda geme e sofre”, e o seu grito “une-se ao de muitos pobres da terra”, que pedem urgentemente decisões sérias e eficazes destinadas a promover o bem de todos, “numa perspetiva que não pode ser apenas ambiental”, mas deve tornar-se “ecológica num sentido mais amplo e mais integral”.

“Exorto, no vosso trabalho de regeneração de muitos lugares deixados ao abandono e à degradação, a manter sempre como objetivo principal o cuidado das pessoas que vivem e frequentam esses lugares. Somente dessa forma vocês restaurarão a beleza da criação.”

Sobre a beleza, a segunda grande finalidade, Francisco explicou aos participantes do projeto da Conferência Episcopal Italiana que “hoje, se fala muito sobre ela, a ponto de torná-la uma obsessão”.

“Muitas vezes, porém, é considerada de forma distorcida, confundindo-a com modelos estéticos efémeros e massificantes, mais ligados a critérios hedonistas, comerciais e publicitários do que ao desenvolvimento integral das pessoas”, alertou.

O Papa Francisco destacou que São José de Nazaré “ajudou a devolver a beleza ao mundo”, “com sua fidelidade discreta e trabalhadora”, e pediu que acompanhe os participantes do projeto ‘Custódios da Beleza’, a quem encorajou, como cooperadores no grande projeto do Criador, “a não se cansarem de transformar a feiura em beleza, a degradação em oportunidade, a desordem em harmonia”.

CB/PR

 

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Agência ECCLESIA

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