EUA: Papa aborda presidenciais e diz que Trump e Kamala são «contra a vida»

Francisco diz que eleitores devem ponderar propostas ligadas ao aborto e à deportação de migrantes

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 13 set 2024 (Ecclesia) – O Papa respondeu hoje a uma pergunta sobre as presidenciais nos EUA, afirmando que os dois principais candidatos são “contra a vida”.

“Ambos são contra a vida, aquele que deita fora os migrantes e aquele que mata as crianças. Ambos são contra a vida”, assinalou, a respeito de Donald Trump e Kamala Harris, respetivamente candidatos Republicano e Democrata.

Na conferência de imprensa que concedeu aos jornalistas que acompanharam o o voo de regresso a Roma, desde Singapura, Francisco disse que os eleitores devem ponderar propostas ligadas ao aborto e à deportação de migrantes

“Não posso dizer, não sou dos EUA, não vou votar lá, mas sejamos claros: mandar embora os migrantes, não dar aos migrantes a possibilidade de trabalhar, não dar acolhimento aos migrantes é um pecado, é grave”, observou.

O Papa destacou que, desde o Antigo Testamento, a Bíblia pede respeito pelo “órfão, a viúva e o estrangeiro, ou seja, o migrante”.

“Quem não custodia o migrante, falha, é um pecado, um pecado também contra a vida daquele povo”, referiu.

Francisco recordou a Missa a que presidiu em fevereiro de 2016, na fronteira EUA-México, perto da Diocese de El Paso, onde “havia muitos sapatos de migrantes que acabaram mal, ali”.

“Hoje há um fluxo de migrantes na América Central que, muitas vezes, são tratados como escravos, porque se aproveitam deles. A migração é um direito, um direito que já existia na Sagrada Escritura, no Antigo Testamento. O estrangeiro, o órfão e a viúva: não se esqueçam disto”, insistiu.

Quanto à legalização do aborto, o Papa sublinhou que está em causa uma vida humana.

“A ciência diz que, um mês após a conceção, existem todos os órgãos de um ser humano, todos eles. Fazer um aborto é matar um ser humano. Goste-se ou não da palavra, mas é matar. Isto”, sustentou.

A Igreja não está fechada porque não permite o aborto: a Igreja não permite o aborto porque é matar, é assassínio. E sobre isto temos de ser claros”, acrescentou.

Mandar embora os migrantes, não os deixar desenvolver-se, não os deixar ter a sua vida é mau, é uma maldade. Mandar um bebé embora do seio da mãe é assassínio, porque há vida. E nestas coisas temos de falar claramente. ‘Não, mas, no entanto’… nada de mas”.

Francisco destacou que é “preciso votar” e “escolher o mal menor”.

“Quem é o mal menor, aquela senhora ou aquele senhor? Não sei, toda a gente em consciência pense e decida”, observou.

O Papa assinalou, noutra passagem da conferência de imprensa, que “o problema climático é grave, é muito grave”.

“Desde Paris (a COP21, em 2015), que foi o ponto alto, as cimeiras sobre o clima estão a descer a pique. Fala-se, mas não se age. É esta a minha impressão”, advertiu.

O Papa encerrou hoje em Singapura a viagem mais longa do seu pontificado, iniciada a 2 de setembro, após passagens pela Indonésia, Papua-Nova Guiné e Timor-Leste.

OC

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Agência ECCLESIA

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