Timor-Leste: À espera de Francisco, José Ramos-Horta recorda importância da visita de João Paulo II

Presidente timorense diz que presença do Papa, em 1989, «derrubou muro do silêncio»

Foto: Religiosas do Sagrado Coração de Maria

Díli, 06 set 2024 (Ecclesia) – José Ramos-Horta, presidente de Timor-Leste, recordou a importância da visita de São João Paulo II, em 1989, num momento em que o país se prepara para receber o Papa Francisco.

Em entrevista à Rádio Renascença, o prémio Nobel da Paz sublinhou que o Papa polaco “derrubou o muro do silêncio” que rodeava o povo timorense, antes da independência.

“A visita de sua santidade João Paulo II foi extremamente importante. Ele colocou Timor-Leste no mapa do mundo, derrubou o muro do silêncio. Por isso, estamos-lhe eternamente gratos”, declarou.

Na Missa que presidiu em Díli, a 12 de outubro de 1989, João Paulo II evocou as “dificuldades e sofrimentos das famílias, de Timor-Leste e Ocidental”, rezando em Tétum por “todos os que têm responsabilidade pela vida em Timor-Leste”, em favor de “uma resolução justa e pacífica para as dificuldades”.

Aquando do falecimento do Papa polaco, em 2005, o então presidente Xanana Gusmão também sublinhou que a visita de 1989 ajudou a “derrubar o muro de silêncio e indiferença da comunidade internacional”.

Em janeiro de 1992, meses após o Massacre de Santa Cruz, em Timor-Leste, João Paulo II recordou a “tensão persistente” na região, em discurso dirigido aos membros do corpo diplomático.

Em 1995 e 1996, o Papa polaco voltaria a alertar para a “difícil situação” de Timor-Leste, ao receber embaixadores da Indonésia junto da Santa Sé, pedindo medidas “adequadas para garantir o respeito dos direitos humanos, a proteção e a promoção dos valores culturais e religiosos da população”.

35 anos, Timor-Leste recebe Francisco como um país independente, que Ramos-Horta apresenta como “um oásis da paz e da tolerância”.

“Não temos tensões inter-religiosas. A mensagem deve ser aprofundar a paz e a tolerância”, antecipa.

Mais de 500 mil pessoas esperam o Papa na capital timorense.

“Para o timorense, muito católico, receber o Papa é quase como a segunda chegada de Cristo. Especialmente este Papa, que se aproxima muito das pessoas”, considera o presidente do país.

A celebração central da viagem vai decorrer no dia 10 de setembro, em Tasi Tolu, o mesmo local que acolheu o Papa João Paulo II, na primeira visita de um pontífice ao território, antes da independência timorense.

A Eucaristia presidida por Francisco conta com orações em português, tétum e outras seis línguas locais, adianta o Missal da viagem, publicado pelo Vaticano.

“Pelo nosso país: para que, vivendo com alegria a fé na nossa cultura, possamos construir uma sociedade baseada na justiça e na fraternidade”, pede uma das orações, divulgadas no Missal da visita apostólica.

A chegada ao aeroporto internacional de Díli acontece pelas 14h10 (06h10 em Lisboa) da próxima segunda-feira, seguindo-se a cerimónia de boas-vindas no Palácio Presidencial e o tradicional discurso às autoridades políticas e membros do corpo diplomático, às 19h00 de Díli.

Além da Missa, o programa de 10 de setembro inclui uma visita a crianças com deficiência, na Escola “Irmãs Alma”, e um encontro com membros da comunidade católica, religião maioritária em Timor-Leste (mais de 95% da população), na Catedral da Imaculada Conceição.

A 11 de setembro, Francisco encontra-se com jovens timorenses no Centro de Convenções, antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional de Díli, rumo a Singapura.

A viagem mais longa do pontificado inclui 44 horas e mais de 32 mil quilómetros de voo.

O lema da visita a Timor, ‘Que a vossa fé seja a vossa cultura’, é apresentado como “exortação e encorajamento para se viver a fé de harmonia com a cultura, segundo as tradições do povo timorense”.

Timor-Leste, com mais de 95% de católicos na sua população, é um dos únicos países asiáticos onde a Igreja Católica é maioritária, juntamente com as Filipinas.

OC

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