Exposição em Aveiro deu a conhecer a vida carmelita

Uma mostra sobre a vida conventual, quotidiana e humana de quem vive o divino como forma de vida Durante um mês, esteve aberto ao público a exposição «As Carmelitas Voltam ao Convento». Constituída por textos e fotografias, a mostra pretendia apresentar a história das Irmãs Carmelitas e a sua ligação com a diocese de Aveiro nos últimos 25 anos, pela “voz” das próprias Carmelitas. A exposição, uma parceria da Comunidade das Carmelitas de Aveiro com a Paróquia da Glória e a Câmara Municipal de Aveiro, surge no âmbito da comemoração do Jubileu do regresso das religiosas à diocese. Numa entrevista à Agência ECCLESIA, a Irmã Ana Sofia da Cruz explica que “este «regresso ao Convento» ganha todo o sentido porque revela o que é a vida conventual vivida no seu quotidiano, particularmente a vida da carmelita”. Uma vida repartida entre tempos de silêncio e de oração, tempos de solidão e fraternidade e tempos de convívio e trabalho, mas “tudo tempos de uma vida orante, como está chamada a ser a de uma carmelita”, evidencia a religiosa. A partir desta exposição os visitantes puderam ficar a conhecer como é a vida dum convento e simultaneamente a vida de uma carmelita. A Irmã Ana Sofia da Cruz afirma que não coisas vezes as pessoas têm a ideia de que a vida num convento é uma vida “triste e monótona e que as religiosas vivem tão recolhidas que não comunicam entre si”. Por isso, “para muitos esta exposição foi a descoberta do sentido de fraternidade e de alegria que se vive num convento”. Sete painéis, indicando a plenitude numa casa que é de Deus, representavam os anos de construção do Carmelo de Cristo Redentor. O verde “luminoso” dos fundos dos painéis pretendiam transmitir “a energia vital que vem da comunhão com Deus”. A Irmã Ana Sofia da Cruz explica que o verde simboliza a espera constante do encontro com Deus “que deve caracterizar a vida de cada ser humano e a luz que advém desse encontro”. O objectivo deste fundo é “fazer penetrar na vida divina que cada Carmelo está chamado a transmitir”. Uma forma de estar no mundo A religiosa explica que a clausura, “ao contrário do que frequentemente se pensa é uma forma de estar no mundo e não um estar fora do mundo”. E acrescenta que “pensar que quem faz uma opção de vida na clausura está fora do mundo significa desconhecimento do verdadeiro sentido da palavra”. Para as Carmelitas, “ clausura só tem sentido como plenitude de relação com o mundo, desde a plenitude da relação com Deus”. Como qualquer outra relação, também esta “não é estanque, pelo contrário, é comunicação”. A religiosa explica que a carmelita acolhe a comunicação de Deus através da oração, no trabalho, no silêncio, na vida fraterna e que, por sua vez, “vai manifestar nas suas relações com as suas Irmãs e com todos aqueles que dela se aproximam”. A exposição fazia eco do “diálogo de amizade com Deus”. Ao percorrer os diferentes painéis “a pessoa sentia-se envolvida, atraída, por este diálogo de vida orante entre Deus e a Carmelita”, chegando mesmo a ser provocatório “despertando o desejo da relação de amizade com Deus”. Com sentido testemunhal e de missão, a mostra queria evidenciar “que só Deus basta”. Carmelitas em Aveiro Entre 16 de Julho e 16 de Agosto passaram pela Igreja das Carmelitas cerca de 2500 pessoas e todas visitaram a exposição, provocando curiosidades e vontade de contactar com as religiosas. Ao longo deste ano de comemoração do jubileu da Fundação do Carmelo, são várias as iniciativas que manifestam a presença das religiosas na vida da diocese de Aveiro. O Jornal Correio do Vouga publicou vários artigos dando a conhecer quem são as Carmelitas Descalças. As religiosas procederam ao envio de uma “Carta aos Sacerdotes”, “uma missiva de felicitação pelo dom da vocação de cada sacerdote, manifestando simultaneamente a vocação eclesio-sacerdotal da carmelita”. No dia 25 de Maio reuniram-se no Carmelo todos os religiosos presentes na diocese, no qual, a pedido dos próprios religiosos, uma das Irmãs Carmelitas proferiu uma conferência intitulada: “Santa Teresa de Ávila e os desafios do nosso tempo”. Por ocasião da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, D. António Francisco, Bispo de Aveiro e os sacerdotes diocesanos rezaram Vésperas no Carmelo. Para este evento foi elaborado um pequeno opúsculo sob o tema “O Sacerdote e a Carmelita”, onde se estabelecem os comuns entre ambas as vocações. No dia da Igreja diocesana, as religiosas, desafiadas por D. António Francisco dos Santos, elaboraram os materiais da exposição, como forma de se darem a conhecer À diocese. No dia 4 de Julho estiveram no Carmelo os seminaristas maiores da diocese. “Uma oportunidade para abordar a dimensão histórica da presença das carmelitas em Aveiro foi e também o carisma Teresiano”. E com alguma frequência as religiosas acolhem grupos de catequese que querem conhecer as Irmãs e o Carmelo. Também diariamente chegam pedidos de oração de toda a diocese, “pessoas com necessidade de alguém que as escute e lhe transmita esperança”. No âmbito das comemorações, as religiosas projectam a elaboração de um DVD com a história destes 25 anos. “Um DVD feito a partir da recolha de cassetes vídeo que são memória de um passado muito vivo, na mente e no coração das Irmãs”. Esta é uma iniciativa, que poderá dar a conhecer o que é a vida das carmelitas, a partir do testemunho “da sua vida e do testemunho de todos aqueles que viveram mais de perto os acontecimento mais notórios destes 25 anos”. As Carmelitas descalças chegaram a Aveiro em 1658, para o Convento de S. João Evangelista, que existiu exactamente no espaço que agora recebeu a exposição. Por alturas do Liberalismo, e na sequência da lei que extingue as ordens religiosas em Portugal, o Estado toma posse do edifício e, em Julho de 1905, começa a demolição do convento com uma forte mutilação deste monumento, para concretizar um projecto urbanístico de uma grande avenida frente ao edifício do Governo Civil. O que resta do imóvel é ocupado pela PSP e a comunidade Carmelita, que subsistia quase em clandestinidade, é forçada ao exílio. E se Aveiro conservou com carinho a recordação da presença das Irmãs Carmelitas na Cidade, o sonho de regresso da Comunidade sempre foi um ideal de esperança que só pôde ser concretizado em 1983, após várias diligências de D. Manuel de Almeida Trindade. Provisoriamente estabelecidas em Eirol, instalam-se definitivamente no Convento de Cristo Redentor, em Vilar, São Bernardo no final de Janeiro de 1991.

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