Angra: Diocese evocou D. Arquimínio Rodrigues da Costa, último bispo português de Macau

D. Armando Esteves Domingues recordou responsável católico que deixou marca de «humildade, paixão pela simplicidade e serviço até ao fim»

Angra do Heroísmo, Açores, 09 jul 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra presidiu esta segunda-feira à homenagem a D. Arquimínio Rodrigues da Costa, uma placa evocativa onde nasceu há 100 anos, uma Eucaristia e sessão solene evocaram o último bispo português de Macau, que nasceu no Pico.

“Associo-me para manifestar o reconhecimento de toda a Diocese de Angra e dar graças a Deus pela sua vida e missão”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia da Missa, no Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso, em São Mateus do Pico.

A Diocese de Angra homenageou o último bispo português de Macau, por ocasião do centenário do seu nascimento (8 de julho de 1924), na ilha do Pico, informa o portal online ‘Igreja Açores’.

“Oxalá, estes dias de homenagem nos deixem cheios de espírito de missão… de sonhos e de desafios para voltar ao fervor do primeiro amor, seja na família, na ordenação como nos compromissos profissionais, talvez esteja enfraquecido o ímpeto que nos moveu, a paixão que nos encheu de sonhos”, desenvolveu o bispo diocesano.

D. Arquimínio Rodrigues da Costa regressou à ilha montanha do Arquipélago dos Açores, após a transição de Macau para a China, onde faleceu com 92 anos de idade, a 12 de setembro de 2016.

“Soube fazer pontes com os chineses, no diálogo cultural e religioso, procurando desenvolver a Igreja em Macau, sempre de olhos no futuro, em que bispos e padres seriam naturais da ilha e não tanto missionários vindos do continente”, assinalou D. Armando Esteves Domingues.

“Com os chineses, cuja língua bem falava, pregando mesmo em chinês, soube acentuar um ‘NÓS’ maior: inclusivo, destemido, pronto para harmonizar as diferenças sem nunca impor uma uniformidade que despersonaliza. Um “nós” multicultural, um jardim de belas flores…”, realçou.

Em contexto missionário, o bispo de Angra destacou que D. Arquimínio da Costa – “com D. Manuel Bernardo de Sousa Enes, D. João Paulino de Azevedo e Castro, D. José da Costa Nunes e D. Paulo José Tavares” -, faz parte de um grupo de açorianos missionários do Oriente “e que foram todos eles, Bispos de Macau”.

“D. Arquimínio da Costa é sem dúvida um daqueles que, saindo desta ilha do Pico ainda muito novo, nunca esqueceu as origens, a onde voltou e onde deixaria o perfume da humildade, da paixão pela simplicidade e serviço até ao fim, disponibilizando-se para servir em tudo o que os padres, vizinhos, jovens ou mais velhos lhe pediam”, acrescentou.

A homenagem começou com o descerramento de uma placa na casa onde o último bispo português de Macau nasceu, em São Mateus, e, após a Eucaristia, realizaram uma sessão solene onde Manuel Serpa, amigo do bispo de Macau e ex-sacerdote apresentou a biografia de D. Arquimínio Rodrigues da Costa.

A homenagem foi organizada pelo reitor do Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso com a Junta de Freguesia de São Mateus; o padre Marco Martinho, deu graças por ter convivido com a “sua humanidade e santidade” que “foi uma inspiração e um exemplo para todos”.

O Centenário do nascimento de D. Arquimínio Rodrigues da Costa foi também lembrado no jornal macaense ‘Clarim’, semanário católico, com dois artigos, um do padre Luís Sequeira (Jesuíta), que foi reitor do Colégio Português de Macau, destaca o ‘Igreja Açores’, o portal de notícias da Diocese de Angra na internet.

CB/OC 

D. Arquimínio Rodrigues da Costa, nasceu em São Mateus a 8 de julho de 1924; em 1938, com outros dois companheiros, foi levado para Macau, por monsenhor José Machado Lourenço, missionário no Extremo Oriente.

O jovem entrou no Seminário de São José, completando os seus estudos eclesiásticos em Teologia, em junho de 1949; foi ordenado sacerdote a 6 de outubro de 1949.

O cabido da Sé de Macau elegeu-o como vigário capitular da diocese, a 14 de junho de 1973; três anos depois, Paulo VI nomeou-o bispo de Macau, sucedendo ao também açoriano D. Paulo José Tavares, e a sua ordenação decorreu na Catedral Macaense, a 25 de março de 1976.

A 6 de outubro de 1988, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo de bispo de Macau; desde janeiro de 1989 fixou residência na sua terra natal.

Foi condecorado por Mário Soares, presidente da República Portuguesa, com o grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito, a 7 de novembro de 1988.

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Agência ECCLESIA

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