Cardeal português lamentou «mundo onde a fome aumenta todos os dias» e a guerra tira pão e «dignidade», na sua «igreja titular, em Roma»
Roma, 13 jun 2024 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar presidiu hoje à procissão e à Missa em honra de Santo António, em Roma, e lamentou a “fome” e a “guerra” que aumentam “todos os dias”, denunciando as pessoas, especialmente crianças, “a quem roubam pão, a dignidade”.
“’Padroeiro dos pobres e dos que sofrem’. É esta a expressão que a oração da Coleta de hoje utiliza para se referir ao nosso querido Santo António”, destacou o cardeal português, no início da homilia da Missa que presidiu, esta quinta-feira, em Roma.
D. Américo Aguiar explicou que frase – ‘Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura’ – do Evangelho da celebração é “o mais belo resumo da vida de Santo António” e deveria ser também “o resumo da vida” dos presentes, na igreja de Santo António de Pádua na Via Merulana (Sancti Antonii Patavini de Urbe), em Roma.
“Nós somos aqueles que, agora, nas nossas circunstâncias atuais, depois de termos ouvido as palavras de Jesus; depois de termos passado tempo com Ele na oração e na contemplação; depois de O termos encontrado no caminho da Cruz, somos chamados a testemunhá-Lo: sim, Cristo está vivo”, desenvolveu, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.
“E a vida de Santo António é um apelo perene a não perder a esperança perante as dificuldades que encontramos no mundo em que vivemos.”
Na celebração anual, a 13 de junho, da festa litúrgica de Santo António, o cardeal português destacou a importância de iniciativas e tradições como “o Pão dos Pobres e a Caritas Antoniana”, “num mundo onde a fome aumenta todos os dias”, onde a “guerra” também aumenta o número de pessoas, “especialmente crianças, a quem roubam não só o pão, mas também a dignidade”.
O bispo de Setúbal salientou que conhecem “bem a biografia” do santo português, que “nasceu em Lisboa, com o nome de Fernando, e morreu em Pádua, com o nome de António”, e como, entre o seu nascimento e a sua morte, “Deus realizou grandes milagres que acompanharam a sua pregação”.
“A vida de Santo António foi um Evangelho vivido, da primeira à última página: pregou sobre a criação, foi profeta, foi Apóstolo, e foi capaz de dedicar toda a sua vida de apenas trinta e seis anos a espalhar a beleza de Deus no mundo”, destacou.
Aos franciscanos, presentes na Basílica de Santo António de Pádua, na via Merulana, recordou que a ordem religiosa tem “uma presença viva e preciosa na Terra Santa”, que, nas circunstâncias atuais, não é isenta de riscos e tensões”, e incentivou a que mantenham viva essa presença “entre os mais necessitados da Terra Santa, especialmente as crianças, e que Santo António interceda junto de Deus para que não falte o pão a quem mais precisa”.
D. Américo Aguiar, na introdução à procissão de Santo António, começou por agradecer o “testemunho, alegria e acolhimento” aos superiores, aos padres, aos religiosos e religiosas que, “de todas as partes do mundo”, vivem ali segundo a Regra de São Francisco e “guardam” a Igreja que lhe foi atribuída pelo Papa Francisco com o título cardinalício.
“Vamos aproximar Santo António e, com ele, Jesus, das pessoas, das suas necessidades e exigências. Façamos isso com alegria, com fé, com esperança e com a certeza de que Deus caminha sempre ao nosso lado”, pediu o bispo de Setúbal.
Quando foi criado cardeal pelo Papa Francisco, no dia 30 de setembro, D. Américo Aguiar recebeu o título de Santo António de Pádua, igreja situada na Via Merulana (Sancti Antonii Patavini de Urbe), em Roma, de que foram titulares, entre 1973 e 1998, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, e de 2001 a 2022 o cardeal brasileiro D. Claudio Hummes.
CB