Bartolomeu I discursou na sessão de abertura do Fórum Global KAICIID para o Diálogo, que decorre em Lisboa
Lisboa, 15 mai 2024 (Ecclesia) – O patriarca ecuménico de Constantinopla afirmou hoje, no 1ºFórum Global KAICIID para o Diálogo, em Lisboa, que “não pode haver qualquer razão ou desculpa” para a “indiferença e inação” face à crise ecológica.
“Hoje, todos nós estamos bem conscientes das ligações íntimas e inseparáveis da crise ecológica com os problemas globais das dimensões da pobreza, migrações e conflitos. Como podemos nós, enquanto líderes religiosos, não procurar o bem-estar dos habitantes do mundo? Como podemos não trazer à luz do dia a exploração criada por indústrias e corporações, muitas vezes com a permissão ou tolerância de políticos e Estados?”, questionou, no discurso proferido na sessão de abertura.
Para Bartolomeu I, esta é “verdadeiramente a parte fundamental” do serviço dos representantes religiosos.
O líder ortodoxo, que pautou a sua intervenção por sublinhar a necessidade de aumentar a responsabilidade pela proteção ambiental, destacou que a crise climática não “é um desafio marginal ou periférico” no mundo e que tem “raízes espirituais sinceras e profundas”.
“Para nós, o cuidado com a criação da Terra não é apenas uma questão política ou tecnológica. É, antes de mais, uma vocação e uma obrigação sagrada e espiritual”, salientou.
Além do patriarca de Constantinopla, também Matteo Renzi, antigo primeiro-ministro italiano, participou na sessão de abertura do evento, que teve lugar na Agência Europeia para a Segurança Marítima (ESMA), no Cais do Sodré, centrada em “Preparar o terreno para uma mudança positiva”.
Matteo Renzi considera que se vive um “momento dramático” atualmente, referindo-se à ameaça nuclear como uma uma questão do presente e ressaltando a necessidade de diálogo que é “a alma da humanidade”.
O antigo primeiro-ministro italiano refletiu também sobre o papel da cultura, que defende que não pode ser apenas tida em conta como “a última parte da lista de questões políticas”, mas antes em primeiro lugar.
“Sem cultura não há futuro”, referiu, acrescentando que sem raízes “não há a possibilidade de criar políticas para o futuro”.
A abertura do Fórum Global KAICIID contou ainda com as intervenções do secretário geral da KAICIID e presidente do Fórum Global, Zuhair Alharthi; do Imam da Grande Mesquita de Mecca, Salih bin Abdullah al-Humaid; do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas; do rabino-chefe da Polónia, Michael Schudrich; do antigo presidente francês François Hollande; do grande mufti do Egito, Shawki Ibrahim Abdel-Karim Allam; da co-fundadora e vice-presidente do The Elders, Graça Machel; e de Augusto Santos Silva, antigo presidente da Assembleia da República.
“O Diálogo como força transformadora: Construir Alianças para a Paz num mundo em rápida mudança” é o mote para o encontro internacional, que decorre até esta quinta-feira, e que reúne decisores políticos e líderes religiosos, organizações internacionais e representantes da sociedade civil.
LJ