Santo Cristo: Presidente da celebração desafia participantes a ser «peregrinos da esperança»

D. Myron Cotta, bispo de Stockton, na Califórnia, destaca importância do legado das tradições açorianas nas comunidades católicas

Ponta Delgada, Açores, 05 mai 2024 (Ecclesia) – D. Myron Cotta, bispo de Stockton, na Califórnia (EUA), pediu hoje aos participantes nas festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres que sejam “peregrinos da esperança” e testemunhem a fé na sua vida.

“Esta Festa em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres é para afirmar e testemunhar que Jesus é Senhor das nossas vidas, assim como tão bem exemplificou a Madre Teresa da Anunciada, ao fundar e cultivar esta devoção”, indicou, na homilia da Missa a que presidiu no Campo de São Francisco, cidade açoriana de Ponta Delgada, perante milhares de pessoas.

As Festas do Senhor Santo Cristo mobilizam até à capital da ilha de São Miguel milhares de pessoas, entre micaelenses, emigrantes e devotos do resto da região autónoma e do país.

O bispo de Stockton mostrou-se “honrado” por presidir a estas celebrações, recordando a sua condição de “neto de avós açorianos”, da Terceira.

“Como californianos de segunda geração, eu e os meus irmãos sentimo-nos abençoados por ter avós que trouxeram consigo, não só uma cultura rica, mas também um profundo amor pela fé católica”, declarou.

Na sua homilia, D. Myron Cotta destacou o simbolismo da celebração junto ao Convento de Nossa Senhora de Esperança, convidando a multidão a “adorar Aquele que é Esperança, a esperança para este mundo quebrado”.

A esperança não deve estar encerrada numa capela, nem numa igreja, nem num santuário, mas deve ser oferecida gratuitamente, especialmente, àqueles que não têm esperança, irmãos. Este Jesus, que te ama, apresentado aqui nesta imagem solene, sai deste santuário para encontrar-se contigo, onde quer que estejas na tua vida”.

O presidente da celebração sublinhou que, na Imagem do Santo Cristo, adornada e decorada, se deve ver “o mistério do que está por baixo dos adornos de ouro, pérolas e pedras preciosas”.

“O que está por baixo são os sinais da sua paixão e do seu sacrifício que ele ofereceu por nós, renunciando a vontade própria, isto é, a sua Misericórdia. Esta imagem solene do seu rosto transmite uma sensação de serenidade, de paciência”, precisou.

Jesus, Santo Cristo, conduz-nos pelas suas feridas. Ele conduz-nos nesta Missa e procissão que terá lugar nestas ruas de Ponta Delgada. Na verdade, meus irmãos e irmãs, somos evangelizados pelas suas chagas gloriosas. Não é surpreendente: a evangelização através das suas feridas! Esperança para um mundo ferido, o nosso Deus é um, connosco, no nosso sofrimento”.

O bispo norte-americano considerou que a “esta grande devoção a Jesus, Senhor Santo Cristo”, pode “encorajar e forjar, o esforço da Igreja na Nova Evangelização”.

“Esta boa nova da salvação, de esperança, na paixão, morte e ressurreição de Jesus, confiando nele e vivendo os seus ensinamentos, o seu Evangelho, podemos experimentar vida nova”, apontou.

A Missa campal desta manhã, VI Domingo de Páscoa no calendário litúrgico, é um dos pontos altos da festa do Senhor Santo Cristo, cuja imagem vai percorrer esta tarde as ruas da cidade de Ponta Delgada, ao longo de várias horas, uma tradição secular na região.

O percurso passa pelos antigos conventos da cidade e algumas igrejas paroquiais, percorrendo ruas cobertas de tapetes de flores; em 2024, a imagem sai à rua com uma capa oferecida e confecionada por três mulheres de Santa Bárbara, ilha de São Miguel: Rita Sofia Rebelo Pavão, a sua mãe Teresa e a tia-avó Helena Batista.

A imagem foi oferecida por Paulo III (Papa entre 1534 e 1549) ao primeiro grupo de religiosas Clarissas que quis fundar um convento em São Miguel, tendo-se deslocado a Roma para pedir a respetiva autorização.

Este sábado, os peregrinos celebraram a mudança da imagem do Convento da Esperança para o Santuário, no Campo de São Francisco; a procissão começou com o toque do provedor da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres na ‘porta regral’ do Convento da Esperança, na qual recebeu a Imagem das mãos das irmãs zeladoras, comunidade contemplativa das Irmãs do Bom Pastor.

OC

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Agência ECCLESIA

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