Educação Cristã: «Que aconteça quanto antes a instituição do ministério do catequista» – Padre Carlos Aquino

Sacerdote foi um dos oradores do Encontro Nacional de Catequese, centrado na «Identidade e Ministério do Catequista», e considera que é preciso deixar de «buscar a perfeição» nos candidatos

Ferragudo, 04 abr 2024 (Ecclesia) – O padre Carlos de Aquino, diretor do Departamento Diocesano da Pastoral Litúrgica do Algarve, defendeu a «urgência» na instituição do ministério do catequista, pedido pelo Papa, no âmbito do 61º Encontro Nacional de Catequese.

“É urgente, e eu estou esperançoso que, na verdade, até porque já se iniciaram processos de formação a este nível, aconteça quanto antes esta instituição, deste ministério, tão belo na vida da Igreja”, afirmou o responsável, em declarações à Agência ECCLESIA, esta quarta-feira.

O Centro Pastoral da Diocese do Algarve, em Ferragudo, acolhe de 2 a 4 de abril o Encontro Nacional de Catequese (ENC), que reúne 88 participantes, entre diretores e equipas diocesanas da catequese de todas as dioceses portuguesas, em volta do tema “Identidade e Ministério do Catequista: Desafios Pastorais”.

“Como eu partilhei há momentos na reflexão, temos que com urgência, na verdade, olhar para esta realidade que o Papa convida a assumir com alguma urgência, partir de uma reflexão profundíssima do ministério como carisma e não apenas como função”, sustentou o pároco de Loulé e Querença, que salienta que o catequista “não exerce apenas uma função, exerce um carisma que recebe para a edificação da comunidade e fala em nome da comunidade”.

O sacerdote defende que “é muito importante que haja catequistas instituídos ao serviço das comunidades e que possam exprimir a verdade profundíssima que a própria instituição, pela oração da Igreja, confere”.

Deixei o desafio que não devemos buscar a perfeição destes candidatos, nem demorar demasiado tempo em reflexões teológicas: sermos ousados em algumas propostas e avançarmos com muita humildade este caminho que se impõe para bem das comunidades”.

Segundo o padre Carlos de Aquino, “não é para constituir nos catequistas instituídos gente especial que possa até dificultar a comunhão e a unidade da Igreja, mas para exprimir a verdade de um carisma que é essencial como dono do Espírito Santo à Igreja e, por isso, é urgentíssimo também a instituição dos catequistas, porque não são uma função, simplesmente”.

Para o padre Luís Miguel Figueiredo, da Arquidiocese de Braga, refletir na instituição do Ministério do Catequista provoca “uma série de tensões e uma série de realidades eclesiais que precisam de conversão”.

“Desde logo a questão da formação, o discernimento, o acompanhamento e o compromisso estável dos leigos na missão eclesial”, destaca.

O professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Braga, salienta que o que está em causa na instituição do ministério do catequista é quem deve ser instituído.

“Aquilo que a Conferência Episcopal diz no documento, na Igreja Ministerial, é que devem acompanhar e velar pela formação de outros catequistas, coordenar a catequese e ser, digamos assim, o interlocutor entre as comunidades e as estruturas diocesanas. Ora, isso implica homens e mulheres que, por um lado, habitem e vivam o espaço da fé, mas vivam neste mundo”, indica.

O sacerdote explica que isso significa que têm de ter “uma formação suficientemente robusta que lhes permita viver a fé entre o mundo contemporâneo, a cultura contemporânea e a sua experiência de fé”.

Foto Educris

O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), D. António Augusto Azevedo, espera que do encontro resulte mais um passo no caminho de “reflexão sobre a pertinência e a exequibilidade» do ministério do catequista.

“Há já documentos da Santa Sé, do Papa, também da Conferência Episcopal. Este será, foi e está a ser, o momento de aprofundar esses documentos [de instituição do ministério do catequista] para tentar ver como é que é possível agora cumpri-los, isto é, levar à prática aquilo que eles dizem”, afirmou D. António Augusto Azevedo, bispo de Vila Real.

Também o bispo do Algarve olha para o ministério do catequista com “muita esperança” e como uma “oportunidade muito grande”: “E um tema oportuno, é um tema atual, porque ajuda os párocos, o bispo, a dioceses, as comunidades, ajuda a discernir e a entender bem o que é que significa este serviço e o que é que significa também a instituição”.

Para D. Manuel Quintas, a própria comunidade deve ser envolvida, “não é algo que deve partir do bispo” ou até dos próprios párocos”.

O que é importante é realizar este serviço e esta missão. E, por isso, é importante que comecemos bem. E uma das vertentes que eu vejo é o envolvimento da própria comunidade, o envolvimento do conselho pastoral, que brota dali, que seja o próprio conselho a pronunciar-se sobre aqueles catequistas que se propõem ou que são propostos, porque assim exprimimos também aquilo que é a sinodalidade da Igreja”

Foto Educris

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor do secretariado diocesano da catequese do Algarve explica que, desde a instituição do ministério do catequista, têm sido desenvolvidos esforços para cumprir esta missão.

“Estou a pensar nas formações que temos empreendido, estou a pensar também na reflexão que temos feito ao nível das responsabilidades comunitárias, a partir do curso básico de Teologia, a partir das diferentes iniciativas que o próprio secretariado tem vindo a promover na redescoberta do papel do catequista, muito ajudados pelo novo diretório da catequese”, disse o padre Pedro Duarte Manuel.

A coordenadora do Departamento de Catequese do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) contextualiza que os últimos documentos sobre o ministério do catequista levaram o SNEC a realizar o encontro sobre o tema.

“Agora aqui estamos um bocadinho a ir mais ao fundo e tentar perceber o que é que é possível, que catequistas é que nós temos também, qual a sua missão, identidade e oportunidade. Desta instituição, deste ministério, deste serviço efetivamente tão antigo na Igreja. Mas os tempos vão mudando, estamos sempre numa mutação constante em sociedade. Então também sentimos muito esta necessidade de irmos refletindo, aprofundando e partilhando”, afirmou a irmã Arminda Faustino.

O 61º Encontro Nacional de Catequese, que termina hoje, recebeu também os bispos da Guarda, D. Manuel Felício, e Aveiro, D. António Moiteiro, vogais da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, e contou com representantes de todas as dioceses do país.

LJ/PR

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Agência ECCLESIA

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