Autor dos desenhos da Via-Sacra da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, atualiza a 12ª, 13ª e 14ª estações e convida ao «silêncio» que ajuda a encontrar a «relação com o ressuscitado»
Lisboa, 29 mar 2024 (Ecclesia) – O padre Nuno Branco convidou a descobrir os sinais do ‘ressuscitado’ na vida que, “não sendo óbvios” pedem atenção uma vez que chegarão de forma pessoal.
“(Pressupõe) que sejamos confundidos por Ele. Devemos perguntar, depreender e também deixarmo-nos surpreender. Ele está vivo, não é óbvio nem imediato o seu reconhecimento. E isso para nós não é uma má notícia, é uma boa notícia, e cada um de nós vai inaugurar um sinal de reconhecimento do ressuscitado”, explica o jesuíta à Agência ECCLESIA.
O episódio do ‘partir do pão’ fez os discípulos reconhecerem Jesus, “Maria foi chamada de Maria” e, indica o sacerdote, a partir da reflexão da 14ª estação quando «Jesus é depositado no sepulcro», que, tal como aconteceu com outros, “cada um anda à procura do sinal dirigido pessoalmente”.
O religioso convida ainda a procurar “a fenda” que a pedra do sepulcro deixa passar.
“A morte e o sepulcro não são outra coisa se não uma frincha ou uma fenda que apontam à ressurreição. Há uma figura, um rasgão, uma cruz, o céu, a terra, mas há um perceber que nós não percebemos tudo. Mesmo com essa fenda, mesmo com esse rasgão, nós podemos não perceber tudo”, reconhece.
Convidado a olhar para os desenhos da sua autoria que acompanharam a Via-Sacra da jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, o padre Nuno Branco aponta a necessidade de falarmos mais sobre a morte.
“Acho que é que muitas vezes aproximamos da morte com muito medo. Temos medo de morrer ou temos medo que nos morram, o que é legítimo, como é óbvio, mas falta-nos conjugar mais a ressurreição quando falamos de morte e fazer silêncio perante ela”, convida, olhando para a 12ª estação quando, na tradição, «Jesus morre na cruz».
“Gosto sempre de lembrar que de uma cruz saímos sempre ressuscitados. E, portanto, é a cruz de Jesus que vem iluminar a nossa cruz, ou as nossas cruzes, e sairemos sempre delas ressuscitados”, indica.
O jesuíta convida ainda a olhar para o lugar da cruz como o lugar do “silêncio”.
“É o lugar de maior silêncio mas também é um lugar de uma enorme estranheza, porque eu, ou quem lá estiver, depara-se com a impossibilidade de fazer alguma coisa por ele. Procuramos ajudar aquele que nós amamos e que está a sofrer e, perante é um amor gigante por nós, o que Deus nos pede é que aceitemos este amor”, traduz.
Ao olhar para a 13ª estação da Via-Sacra quando «Jesus é descido da Cruz e entregue a sua mãe», o padre Nuno Branco indica a importância de fazer silêncio.
“O silêncio é o tempo que nós precisamos para encontrar um novo modo de relação com esta pessoa que permanece viva”, explica o padre jesuíta.
O percurso da Via-Sacra, com o padre Nuno Branco, é apresentado online, nos canais da Agência ECCLESIA, e no programa da Igreja Católica na Antena 1 da rádio pública, a cada sábado de Quaresma, pelas 06h00.
LS