América: «Gostaria de estar com vocês agora», diz Francisco em mensagem a grupo de migrantes acolhidos no Panamá

Papa pediu a homens e mulheres, a caminho dos EUA, que «nunca se esqueçam» da sua dignidade

Cidade do Vaticano, 21 mar 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco manifestou hoje a sua proximidade aos migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos da América (EUA), através de mensagem enviada a um grupo de mulheres e homens acolhidos no centro temporário de Lajas Blancas, no Panamá.

“Irmãos e irmãs migrantes, nunca se esqueçam de sua dignidade humana, não tenham medo de olhar os outros nos olhos, porque vocês não são um descarte, mas também fazem parte da família humana e da família dos filhos de Deus”, escreve o Papa, na carta com data desta quinta-feira, publicada na sala de imprensa da Santa Sé.

O grupo de homens e mulheres está na Estação de Acolhimento Temporário para Migração (ETRM), em Lajas Blancas, no Panamá, que recebe migrantes que sobreviveram à floresta de Darién, a selva na fronteira entre a Colômbia e o Panamá, que é uma das rotas da América do Sul, passando pela América Central e México, para chegar aos EUA; o ETRM, recentemente, teve superlotação e agravamento dos problemas de saúde e segurança devido à falta de água e de camas.

“Gostaria de estar pessoalmente com vocês agora”, afirma Francisco, que recordou que é “filho de migrantes que partiram em busca de um futuro melhor”, e tiveram momentos em que “ficaram sem nada, passaram até fome, com as mãos vazias, mas com o coração cheio de esperança”.

O Governo do Panamá informa que mais de meio milhão de pessoas tentaram fazer este “itinerário mortal”, em 2023, e alerta que para além dos perigos da selva, há o risco dos gangues criminosos que roubam ou pedem dinheiro para guiar os migrantes ao longo de 265 quilómetros e “usam violência, especialmente contra mulheres”.

Na carta, ao grupo de migrantes alojados na Estação de Acolhimento Temporário para Migração, o Papa também agradece aos bispos e aos agentes pastorais locais o seu trabalho, “são o rosto de uma Igreja mãe que caminha com os seus filhos e filhas”, onde se descobre o “rosto de Cristo e, como Verónica, com carinho, proporciona alívio e esperança na Via-Sacra da migração”.

“Obrigado por comprometerem-se com os nossos irmãos e irmãs migrantes que representam a carne sofredora de Cristo, quando são obrigados a abandonar sua terra, a enfrentar os riscos e as tribulações de um caminho difícil, quando não encontram outra saída”, desenvolve.

Francisco já tinha alertado para a “via-sacra” dos migrantes na América Latina, mostrando preocupação com a situação na selva de Darién, entre a Colômbia e o Panamá, esta quarta-feira, 20 de março, numa mensagem publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.

“Esta selva, que é um triunfo da natureza, hoje torna-se uma verdadeira via-sacra que não apenas evidencia os limites da gestão migratória no hemisfério ocidental, mas também alimenta um negócio próspero que permite a acumulação de lucros ilícitos do tráfico de pessoas”, denunciou, dirigindo-se aos participantes no encontro dos bispos fronteiriços da Colômbia, Costa Rica e Panamá, que decorre de 19 a 22 de março, no Panamá.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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