LUSOFONIAS – ‘A sabedoria do Papa Francisco’

Tony Neves, em Roma

É o título de um livro, ou melhor, de uma compilação de frases inspiradoras que foram proferidas ou escritas pelo Papa Francisco, que foi eleito a 13 e entronizado a 19 de março de 2013. É uma edição bilingue, o que constitui uma novidade editorial. Andrea Assaf é uma jornalista especializada em assuntos vaticanos, com obra publicada em diversos órgãos de comunicação. Divide os seus dias e o seu trabalho jornalístico entre os Estados Unidos e a Itália. Acompanha os Papas desde João Paulo II, tendo grande conhecimento e experiência acumulada por algumas décadas de trabalho jornalístico especializado. Explica: ‘Há algum tempo que desejava que existisse uma obra com uma seleção de citações inspiradoras do Papa Francisco que pudesse trazer consigo nos transportes, durante o dia de trabalho ou em momentos de lazer’. Aí está.

Os textos escolhidos são apresentados sob o chapéu de grandes temas: ‘Esperança e Alegria’, ‘Fé e Oração’, ‘Igreja e Evangelização’, ‘Amor e Verdade’, ‘A Viagem da Vida’, ‘Família’, ‘Construir um Mundo Melhor’, ‘Escutar Deus’, ‘Humildade e idolatria’, ‘Perdão e Graça’, ‘Dignidade Humana, Sofrimento e Solidariedade’, ‘As Lições da Cruz’.

Ressalto algumas das frases que mais marcaram a minha leitura: ‘proteger a criação, proteger cada homem e cada mulher, cuidar deles com ternura e amor é abrir um horizonte de esperança. É deixar um raio de luz irromper por entre as nuvens negras; é trazer o calor da esperança’ (p.17). ‘Ter fé não significa não ter dificuldades, mas ter força para as enfrentar sabendo que não estamos sós’ (p.33). ‘Que a Igreja seja lugar da misericórdia e esperança em Deus, onde todos se sintam acolhidos, amados, perdoados e encorajados. A Igreja deve ter as portas abertas para que todos possam entrar. E nós temos de sair por essas portas e proclamar o Evangelho’ (p.51).

‘Prefiro uma Igreja magoada, dorida e suja porque andou pelas ruas do que uma Igreja doente porque está confinada e agarrada à sua própria segurança. Não quero uma Igreja preocupada em ser o centro de tudo e que acaba presa num emaranhado de obsessões e formalidades’ (p.56). ‘Um evangelizador nunca deve parecer alguém que acabou de vir de um funeral’ (p.67).

‘É isto que vos peço: sede pastores com ‘cheiro a ovelha’, fazei disso uma realidade, como pastores no meio do vosso rebanho, como pescadores de homens’ (p.70).

‘Não consigo imaginar um cristão que não sabe sorrir. Sejamos testemunhos alegres da nossa fé’ (p.86). ‘Não somos cristãos em part-time, apenas em certos momentos, em certas circunstâncias, em certas decisões; ninguém pode ser cristão desta forma – somos cristãos a tempo inteiro! Totalmente! (p.96).

‘Quero repetir estas três palavras: por favor, obrigado, desculpa. Três palavras essenciais!’. (p.125). ‘Podemos fazer muito pelo bem dos mais pobres, dos fracos e dos que sofrem, para promover a justiça e a reconciliação, para construir a paz’ (p.154).

‘A guerra arruína tudo, até os laços entre irmãos. A guerra é irracional, o seu único plano é espalhar a destruição: ela procura crescer destruindo’ (p.158).

‘Sempre que encontramos outra pessoa apaixonada aprendemos alguma coisa nova sobre Deus’ (p.167). ‘O Senhor está a bater à porta dos nossos corações. Será que penduramos um letreiro na porta a dizer ‘não incomodar’?’ (p.170).

‘Se alguém tiver a resposta para todas as questões – essa é a prova de que Deus não está com ele. Significa que ele é um falso profeta que usa a religião para si próprio’ (p.187).

‘Quando uma Bolsa cai 10 pontos em certas cidades, isso constitui uma tragédia. Alguém que morre não é notícia, mas uma quebra de 10 pontos no lucro é uma tragédia! Desta forma, as pessoas são postas de parte como se fossem lixo.’ (p.195).

‘Como o Bom Samaritano, que não tenhamos vergonha de tocar nas feridas dos que sofrem, mas tentemos sará-las com verdadeiros atos de amor’ (p.232).

‘Sede membros ativos! Entrai ao ataque! Jogai pelo campo fora, construí um mundo melhor, um mundo de irmãos e irmãs, um mundo de justiça, de paz, de fraternidade, de solidariedade. Jogai sempre ao ataque!’ (p.237).

A autora termina com um desejo: ‘Que este livro permita que levemos connosco o Papa Francisco nas nossas viagens diárias como confidente, companheiro de jornada e guia’ (p.12).

Tony Neves, em Roma

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