Quaresma: «Sejamos bálsamos para as feridas uns dos outros», pedem os bispos do Porto, lembrando «espantos e medos»

Renúncia quaresmal destina-se para o Seminário da Sé, edifício do século XVI que precisa de «obras urgentíssimas»

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Porto, 15 fev 2024 (Ecclesia) – Os bispos do Porto incentivam a diocese a aperceber-se mais das “tantas incertezas e receios” que afligem cada um e a sociedade em geral, pedindo que sejam “bálsamos para as feridas uns dos outros”, na mensagem para a Quaresma 2024.

“O Espírito do Ressuscitado confronta-nos com os espantos e medos da nossa vida, da Igreja, da sociedade, do futuro. Tantas incertezas e receios: guerras sem sentido, fragilidades emocionais e relacionais, debilidades económicas, dificuldades no acesso à habitação, vícios e dependências que geram novas adições, famílias que se desfazem, domínio do materialismo”, assinala o bispo do Porto, D. Manuel Linda, e seus bispos auxiliares, D. Vitorino Soares, D. Joaquim Dionísio e D. Roberto Mariz.

Na mensagem para a Quaresma, que começou esta quarta-feira, os bispos do Porto incentivam a diocese a aproveitar o novo tempo litúrgico na Igreja Católica para se aperceberem mais destas realidades que os envolvem e “das angústias que afligem cada um e a sociedade em geral”.

“A Quaresma será um tempo propício para metermos mãos à obra na transformação deste estado de coisas”, afirmam.

A Caminhada da Quaresma à Páscoa 2024, na Diocese do Porto, tem como mote ‘Vamos com alegria. Subamos juntos a Jerusalém’, os bispos explicam que o caminho “não se faz parado, não se faz sem riscos”, e realçam que, “ao contemplar as chagas de Cristo”, o olhar direciona-se para “as feridas e dores de cada um, de cada família, de cada comunidade, da Igreja e do mundo em geral”.

“E interpela-nos a levantarmos o olhar do coração para a luz da Páscoa. Somos sarados, curados, salvos pelas chagas abertas do amor de Cristo. Sejamos bálsamos para as feridas uns dos outros”, acrescentam.

Os bispos do Porto afirmam que “irá raiar a alegria da vida nova” do compromisso da conversão, pelo esforço interior e exterior (penitência e esmola) de melhorarem as atitudes, dando sentido à afirmação do Papa Francisco de que a Quaresma é “tempo de conversão, tempo de liberdade”.

Neste sentido, a mensagem questiona se vão ter a “ousadia” de sonhar “uma vida melhor, um mundo novo, uma Igreja mais jovial, aberta a todos, acolhedora de todos, com a presença de todos”, que a JMJ Lisboa 2023 mostrou: “Desde a alegria das crianças à docilidade dos idosos, do empenho dedicado dos adultos ao entusiasmo alegre dos jovens”.

“Há um mundo novo a ser sonhado. Não fiquemos paralisados no caminho da vida”, pede D. Manuel Linda, e seus bispos auxiliares, D. Vitorino Soares, D. Joaquim Dionísio e D. Roberto Mariz.

‘Com Cristo, um caminho alegre’, é o tema da mensagem para a Quaresma do bispo do Porto, assente na passagem bíblica “subamos juntos a Jerusalém”, do Evangelho de São Marcos (Mc 10, 33).

O bispo diocesano lembra que “a generosidade é uma marca do tempo quaresmal” e, se em anos anteriores a renúncia foi para instituições e obras “de fora da Diocese do Porto”, em 2024, vão apoiar a requalificação do Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, também conhecido por Seminário da Sé.

“O edifício é do século XVI, carece de obras urgentíssimas e é preciso dotá-lo de condições mínimas de habitabilidade para o tornar, efetivamente, o ‘coração da Diocese’. O custo das obras vai ser muito avultado”, explicam os bispos do Porto, na mensagem para a Quaresma, concluindo que se “conta com todo o zelo e empenho, traduzidos numa partilha generosa”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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