Ásia: Fundação Ajuda Igreja que Sofre recorda crise no Myanmar

Organização internacional assinala terceiro aniversário do golpe de Estado que depôs Governo civil

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 31 jan 2024 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) evocou hoje o terceiro aniversário do golpe de Estado que depôs Governo civil no Myanmar, apoiando os apelos da Igreja Católica local à paz e à justiça para todos os cidadãos.

“Apelamos à comunidade internacional para que intensifique os esforços no sentido de restabelecer a paz e a justiça no país. Todos os intervenientes no conflito devem procurar colocar o amor à paz e ao próximo acima das ambições e dos ganhos pessoais”, explica a presidente executiva da AIS Internacional, na informação enviada à Agência ECCLESIA pelo secretariado português da fundação pontifícia.

Segundo Regina Lynch, “é inspirador” ver como os líderes da Igreja, “incluindo padres, religiosos e catequistas”, continuam a apoiar o povo, “levando a consolação e a graça de Deus às áreas mais remotas”.

Um golpe militar depôs o Governo civil de Myanmar, o governo de Aung San Suu Kyi (Prémio Nobel da Paz em 1991), no dia 1 de fevereiro de 2021, “introduzindo uma era de conflito”, que opõe as forças governamentais a grupos armados de resistência e milícias étnicas, e continua passados três anos, assinala a AIS, indicando que este conflito se agravou significativamente em 2023, com combates a afetarem quase todo o país.

“Com tantos conflitos de grande visibilidade no mundo atual, é fácil que Myanmar se torne mais um conflito esquecido. É fundamental não deixar que isso aconteça”, acrescenta Regina Lynch.

A fundação pontifícia adianta que os testemunhos que recebe descrevem como o país está aparentemente a tornar-se um “Estado falhado e como a guerra está a afetar toda a comunidade”, deixando um rasto de destruição, mortes e um elevado número de pessoas deslocadas, “muitas delas idosas, deficientes ou mães com filhos”.

Regina Lynch lembrou uma canção que lhe relataram ser cantada por crianças num campo de deslocados – ‘sem lugar para onde ir, sem terra onde viver, sem cama onde dormir, sem lugar para onde fugir, sem lugar onde se esconder! Não há futuro. Como sobreviver? – e questionou, “como não unir as vozes para rezar com os apelos destas crianças”.

No domingo, dia 28 de janeiro de 2024, o Papa Francisco pediu às partes envolvidas em conflitos, nomeadamente em Myanmar, Palestina, Israel e Ucrânia, a “dar passos de diálogo”, após a oração do ângelus, na Praça de São Pedro.

“Há três anos que o choro de dor e o barulho das armas ocupam o lugar do sorriso que caracteriza a população de Myanmar. Uno-me, portanto, à voz de alguns bispos birmaneses, para que as armas de destruição se transformem em instrumentos para crescer em humanidade e justiça”, disse Francisco, convidando todas as partes envolvidas a “dar passos de diálogo”.

A fundação pontifícia AIS recorda também que o Papa afirmou que o Myanmar foi “abençoado com grande beleza natural e recursos, mas o seu maior tesouro é o seu povo”, num discurso durante a visita ao país asiático, em novembro de 2017.

No início de 2023, soldados da Junta Militar que governa a antiga Birmânia destruíram a histórica igreja de Nossa Senhora da Assunção, no vilarejo de Chan-tha-ywa, onde vive uma comunidade católica de ‘bayingyis’, descendentes de combatentes portugueses que estiveram ao serviço dos monarcas birmaneses, entre os séculos XVI e XVII.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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