Encontro ecuménico refletiu sobre a transição ecológica, as eleições, a educação, a proteção da democracia e alerta para o fundamentalismo e a polarização
Cidade do Vaticano, 23 jan 2024 (Ecclesia) – A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (Comece) e a Conferência das Igrejas Europeias (CEC/KEK) pediram à futura presidência da União Europeia esforços pela paz e consenso político e social para a transição ecológica, num balanço ao próximo semestre.
A COMECE e CEC informam que fizeram um balanço dos desafios para os próximos seis meses na União Europeia e pedem que se redobrem os esforços diplomáticos para uma solução pacífica e sustentável dos conflitos nas fronteiras da Europa respeitando o direito internacional e incentivando o diálogo.
Num comunicado conjunto, enviado às redações, alertam para a “guerra trágica” causada pela “agressão brutal” e a invasão perpetrada pela Rússia contra a Ucrânia, conflito que “não apenas desafiou a ordem internacional”, mas é “fonte de um sofrimento humano horrível e de destruição ampla”.
Neste sentido, manifestaram preocupação com a população arménia que “está a sofrer com as tensões na região do Cáucaso” e lembram também a guerra no Médio Oriente, a Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia e a Conferência das Igrejas Europeias condenam “o ataque cruel de sete de outubro do Hamas contra o povo israelita”, que provocou uma resposta militar israelita forte, “com consequências terríveis para a população palestiniana”.
Alertas que os bispos dos países da União Europeia, reunidos na Comece, e os representantes da CEC/KEK manifestaram, numa delegação ecuménica, ao representante permanente belga na União Europeia, Willem van de Voorde, no dia 18 de janeiro, em Bruxelas; A Bélgica vai assumir a presidência rotativa da União Europeia do próximo semestre.
Em ano de eleições para o Parlamento Europeu, de 6 a 9 de junho, os delegados da COMECE e da CEC/KEK, que representam cerca de 380 milhões de cidadãos unidos “nos ideais cristãos de justiça, paz e integridade da criação”, pedem à União Europeia, acima de tudo, unir esforços de cooperação entre países e diferentes grupos sociais e religiosos.
“É mais importante do que nunca salvaguardar a União por meio da proteção da democracia e do fortalecimento dos valores comuns e dos direitos fundamentais”, “agindo ativamente contra o fundamentalismo e a polarização”, e manifestam a preocupação particular “com o abuso e a instrumentalização da religião”, que muitas vezes leva à desinformação, ao populismo e ao extremismo.
No âmbito da transição ecológica, a Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia e a Conferência das Igrejas Europeias observam que em muitos Estados membros da União Europeia há um aumento da inquietação e do medo sobre os seus “custos sociais atuais e futuros”, tema que estará no centro das Eleições Europeias 2024.
“Por esse motivo, será indispensável chegar a um amplo consenso político e social para evitar um possível impasse no trabalho legislativo em vista de um futuro sustentável”, indicam, lembrando as responsabilidades globais que a UE tem em garantir as importações de energia e matérias-primas.
Neste sentido, bispos católicos e responsáveis de Igrejas Cristãs na Europa alertam para os “vários acordos com regimes autoritários, que violam os padrões políticos fundamentais e os direitos básicos”, e para a exploração dos países em desenvolvimento.
No comunicado, Comece e CEC/KEK pedem também mais esforço no campo da educação criando uma parceria “entre instituições e organizações civis e religiosas”, para “evitar a fuga dos trabalhadores especializados para fora da Europa ou dentro da própria Europa”, um fator que “gera desigualdade no desenvolvimento das regiões europeias”.
A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia integra delegados de todos os Estados-Membros; foi criada em 1980, com a aprovação da Santa Sé, para representar os episcopados católicos junto das instituições comunitárias; promove o diálogo com as instituições da UE, visando promover “o bem comum e uma abordagem centrada no ser humano”.
CB