Vaticano reitera sua posição contra pena de morte

O Tribunal de Filadélfia anulou na Quinta-feira a condenação à morte de Mumia Abu-Jamal, figura emblemática da luta internacional contra a pena capital, mas reafirmou a sua culpa pelo assassinato de um polícia em 1981. Mumia Abu-Jamal, ex-jornalista, ficou popular com o seu programa de rádio “A voz dos sem-voz”. Negro e militante anti-racista, ele tem actualmente 53 anos e está no «corredor da morte» há 26, onde espera a resolução de um novo processo. Foi condenado à morte por, supostamente, matar um polícia que batia no seu irmão no início dos anos 80. “Não se faz justiça punindo com outro crime. Por isso, toda sentença de morte não executada é uma vitória do homem e da vida”, afirmou o Cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, numa reacção, no jornal “L’Osservatore Romano”, à notícia da anulação da pena capital de Mumia Abu-Jamal. O Cardeal Martino lembra que a resolução da ONU contra a pena de morte “foi um passo enorme”, mas indicou também que há muitos países que não a aplicam. No entanto, “são necessárias iniciativas como esta e muitas outras” para “libertar completamente o mundo desta forma atroz de fazer justiça”. O Cardeal Martino recorda ainda que, em várias circunstâncias, o Papa manifestou-se publicamente contra esta maneira de fazer justiça. “A pena de morte não entra no conceito de justiça”, recordou. A Santa Sé dá primazia à defesa da vida, desde a concepção até a morte natural, e promove iniciativas para que esta forma de fazer justiça seja abolida. Para o Cardeal Martino, “até o criminoso autor de um delito tem o direito de viver. Antes de tudo para poder ‘limpar’ a própria existência do crime que cometeu e porque existe o aspecto da proporcionalidade da pena, que deve permitir a possibilidade de reabilitação. Ou seja, as sentenças que a sociedade é chamada a emitir devem ser correctivas e não destrutivas”, indicou. A pena de morte existe actualmente em 36 dos 50 Estados confederados dos EUA e 3.350 pessoas encontram-se presentemente nos «corredores da morte». Mas quase em toda o país há iniciativas para se conseguir a abolição. O Cardeal Martino recordou a iminente visita de Bento XVI à ONU, marcada para 18 de Abril. Esta poderá ser uma ocasião para chamar novamente a atenção da comunidade internacional sobre temas relativos à dignidade do homem. “Certamente, naquela ocasião, o Papa vai evocar os problemas que sempre estiveram em debate nas Nações Unidas, principalmente os relativos à paz e ao desenvolvimento. Assim sendo, a sua visita será, para todos, um encorajamento a prosseguir o caminho da paz”. Com Rádio Vaticano

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