Natal: «Não há nada de mais contrário ao choro de um recém-nascido do que o estrondo das armas», afirma bispo de Leiria-Fátima

D. José Ornelas lembra «conflitos violentos, terrorismo, discriminação e injustiça» que põem em causa «a vida de pessoas e famílias»

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Leiria, 20 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima afirma que “não há nada de mais contrário” ao choro de um recém-nascido do que “o estrondo das armas, a destruição dos meios de vida, os discursos de ódio e de exclusão”, na mensagem de Natal.

“Hoje, neste Natal, é a nossa vez de nos levantar, de acender a luz da esperança possível, de vencer os desertos da incredulidade e da comodidade, de participar ativamente na construção de um mundo, mais humano, mais justo e em paz, mesmo a custo das distâncias a percorrer, das dificuldades e medos a vencer, das manipulações e derrotismos a superar”, escreveu D. José Ornelas, na Mensagem de Natal enviada à Agência ECCLESIA.

O bispo de Leiria-Fátima alerta que “há muitas armas de guerra a transformar em foices e arados”, “muito troar” de canhões, tanques e aviões a substituir por canções de paz e solidariedade, e palavras e atitudes de ódio, discriminação e exclusão “a transformar em gestos de acolhimento, integração e solidariedade”.

“Não há nada de mais contrário ao choro de um recém-nascido que pede tranquilidade, atenção e cuidado, do que o estrondo das armas, a destruição dos meios de vida, os discursos de ódio e de exclusão.”

D. José Ornelas identifica vários “cenários de conflito e destruição” que assombram o panorama mundial, para além da guerra na Palestina, a da Ucrânia, no Iémen, no Sudão e “em tantos outros conflitos violentos, terrorismo, discriminação e injustiça”, que põem em causa a vida de pessoas e famílias, “onde se contam milhares de inocentes crianças e pessoas fragilizadas”.

“Estas situações, a que se juntam a corrupção e a manipulação de informação e de poder, levam ao descrédito das instituições públicas, a nível nacional e internacional, dando lugar a atitudes de resignação e apatia individualista, bem como ao radicalismo da violência armada ou do desvario manipulador e populista de ocasião”, acrescenta.

Para o bispo de Leiria-Fátima, o otimismo, o sonho criador de futuro, a luz que aquece o coração e move à ação, “não são o resultado de tempos fáceis” que favorecem visões otimistas e cómodas do amanhã, mas “é particularmente importante e criador” sonhar e partilhar o sonho de Deus, nas situações difíceis e desafiadoras de hoje.

A Mensagem de Natal de D. José Ornelas começa com a frase bíblica do profeta Isaías que “abre” a celebração da noite do Natal e “continua a iluminar, ano após ano, a vida de uma grande multidão de pessoas, famílias e comunidades”: ‘O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombra da morte, uma luz começou a brilhar’ (Is 9,27).

“O profeta teima em anunciar uma mudança de cenário, propondo, em nome de Deus, uma conversão de mentalidades, com atitudes transformadoras e geradoras de um futuro diferente de luz e ternura, de justiça e paz”, explica o bispo de Leiria-Fátima, que apresentou a sua mensagem, esta terça-feira, na Casa Episcopal.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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