Angra: Diocese prepara programa para celebrar os 500 anos de fundação, em 2034

D. Armando Esteves Domingues afirma que «não faz sentido» dividir a diocese, considera a sinodalidade «um estilo imparável» e prepara plano jubilar com três laboratórios: sinodalidade, fraternidade e esperança

Foto Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 10 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirmou que existem “muitos clubes” dentro da Igreja e deseja “descobrir como colocar as pessoas a trabalhar juntas” para elaborar um plano para a celebração dos 500 anos de fundação da Diocese, em 2034.

“Há aqui um desafio que nos deve mover a todos: recuperar a esperança, a confiança uns nos outros, no ‘todos, todos, todos’”, disse D. Armando Esteves Domingues em entrevista conjunta à Agência Ecclesia e Agência Lusa.

A Diocese de Angra apresentou no Domingo de Cristo Rei um Itinerário Pastoral para os próximos dois anos que tem por objetivo a elaboração de planos plurianuais que preparem a celebração dos 500 anos.

D. Armando Esteves Domingues considera que “os diagnósticos estão feitos” e que falta envolver “todos, todos, todos”, como disse o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude.

O Papa mandou repetir isto muitas vezes a um milhão de jovens, ou um milhão e meio, por alguma razão era. Este é o momento da História da Igreja em que só o facto de olharmos nesta perspetiva e refletirmos o que é que significa este ‘todos’, começa a bulir, porque mexe com tantas coisas, com tantos conceitos, com tantas regras, com tantas estruturas que nós temos, muitas delas um bocadinho herméticas e fechadas, mexe com o próprio Direito Canónico, com as práticas sacramentais.

Foto Agência ECCLESIA/MC

Para envolver todos, a Diocese de Angra vai viver os próximos dois anos em torno de três laboratórios – o sinodalidade, da fraternidade e da esperança – como “espaço da experimentação” e de “preparar mudanças, coisas novas”.

Para D. Armando Esteves Domingues, o laboratório da sinodalidade vai permitir “desenvolver o que são as estruturas de sinodalidade, onde as pessoas já estão juntas, já trabalham juntas, não só nos conselhos pastorais e económicos, e mesmo onde não há, criá-los, mas em todos os pequenos grupos e serviços”.

Sobre o laboratório da fraternidade, afirma: “Nós temos muitos clubes dentro da Igreja, temos clubes fechados, trancados, secretos quase. Não pode ser! Eu tenho de existir em função do outro, eu tenho de existir em função do mundo, não posso existir em função de mim próprio, seja eu o padre, leigo, o responsável disto ou daquilo”.

Eu costumava dizer muito, do ponto de vista da pastoral, que o grande segredo é descobrir como colocar as pessoas a trabalhar juntas, a terem de dizer ‘nós’ e não ‘eu’. É que quando eu digo nós, estou a perder-me no meio de uma realidade nova. Enquanto eu acentuar eu, eu, eu, eu, eu, não estamos na Igreja dos nossos tempos.

O bispo de Angra disse que o laboratório da esperança, no contexto do Jubileu de 2025, vai permitir “preparar celebrativamente” a esperança, numa diocese que tem o Santuário de Nossa Senhora da Esperança, de Senhor Santo Cristo, o Pico da Esperança e várias igrejas dedicadas à Senhora da Esperança.

Questionado sobre o percurso sinodal que está a ser feito por toda a Igreja, o bispo de Angra considera que é “um estilo imparável”, apesar das resistências,

É evidente que há resistências… Há pessoas que não simpatizam muito com o método sinodal. É muito mais fácil ter uma liturgia certinha, diretrizes muito verticais a que todos obedeçam, mas que não forma para ser, para agir, para desenvolver”, refere.

“O que se está a criar não são respostas, estamos a criar um estilo de ser Igreja”

O bispo de Angra referiu-se também à visita Ad Limina, a visita dos bispo de Portugal ao Papa Francisco e aos serviços da Santa Sé, que vai acontecer em maio de 2024, referindo que, embora não fosse obrigado a fazer relatórios sobre a Diocese de Angra, por ser bispo há menos de dois anos, vai fazê-los, com a colaboração de leigos, mas lamenta que “as perguntas, muitas delas, estão muito desatualizadas”.

“Temos que atualizar esta forma de comunicar e de pedir: temos de sentar à mesa e o cardeal tem de falar uma linguagem que a jovem africana ou asiática possa perceber quando estamos à volta da mesma mesa e com os mesmos direitos, nascidos de batismo”, afirma.

Sobre situações de abuso sexual na diocese, D. Armando Esteves Domingues informa que os dois casos referenciados não estão encerrados porque decidiram “esperar pela decisão do Ministério Público”.

PR

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Agência ECCLESIA

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