Confissão deve ser encontro pessoal com Deus, diz o Papa

Bento XVI defendeu esta Sexta-feira a “centralidade do Sacramento da Confissão”, frisando que o mesmo deve ser um “encontro pessoal com Deus, Pai de bondade e de misericórdia”. O Papa recebeu em audiência os participantes no “Curso sobre o foro íntimo”, organizado pelo tribunal da Penitenciaria Apostólica da Santa Sé para dar à Igreja , como salientou, “confessores bem formados do ponto de vista doutrinal”, capazes de superar as dificuldades que o sacramento tem de enfrentar. Bento XVI falou especificamente do que encontro pessoal com Deus, Pai de bondade e de misericórdia: “No coração da celebração sacramental não está o pecado, mas a misericórdia de Deus, que é infinitamente maior do que a nossa culpa”. Para o Papa, o empenho dos Pastores, e especialmente dos confessores, deve ser também o de pôr em evidencia o laço estreito existente entre o Sacramento da Reconciliação e uma existência orientada decididamente para a conversão. “É necessário que entre a prática do sacramento da Confissão e uma vida tendente a seguir sinceramente a Cristo se instaure uma espécie de circulo virtuoso incessante, no qual a graça do Sacramento sustente e alimente o empenho a ser discípulos fiéis do Senhor”, apontou. “O tempo quaresmal – acrescentou Bento XVI – recorda-nos que a nossa vida cristã deve tender sempre á conversão e quando nos aproximamos frequentemente do sacramento da Reconciliação permanece vivo no crente o desejo veemente da perfeição evangélica”. No início deste curso foi referido que o sacramento da confissão continua em forte crise devido à falta de convicção dos fiéis perante os sacerdotes. O alerta foi lançado pelo Bispo regente do Tribunal da Penitenciaria Apostólica, D. Gianfranco Girotti, num artigo publicado pelo jornal vaticano “L’Osservatore Romano”. D. Girotti definiu a situação como “um grito de alarme” na Igreja. Para tentar inverter a tendência, a Penitenciaria Apostólica organiza até ao próximo Sábado um curso para reforçar a formação dos padres neste âmbito. Na ocasião foram apresentados os dados de uma sondagem, relativa ao ano de 1998, que indicam que 30% dos italianos não consideram necessária a presença do padre nos confessionários. Outros 20% têm dificuldade para falar sobre pecados com uma outra pessoa. E ainda 10% acreditam que a confissão seja um obstáculo para o diálogo directo com Deus. Alguns fiéis também se lamentam da maneira de se confessar, apontando a incapacidade dos sacerdotes durante o sacramento. D. Girotti falou aos participantes do caso específico dos divorciados e recasados, assinalando que o confessor “tem o dever de propor, regularmente, soluções que levem à solução do conflito ou à transformação da convivência numa relação de amizade e solidariedade”. Outro caso foi o de candidatos ao sacerdócio que demonstrem tendências homossexuais, pedindo-se ao confessor que seja capaz de discernir se as mesmas estão ou não “profundamente enraizadas” e se o comportamento é “permanente”. Exorcismos O Bispo regente do Tribunal da Penitenciaria Apostólica falou ainda sobre os chamados fenómenos diabólicos: possessões ou obssessões. “Aconselhamos a intervenção do exorcista”, assinalou. D. Girotti pediu ainda aos confessores atenção a “fenómenos ligados ao misticismo que, muitas vezes, desembocam na ilusão, na histeria ou noutras síndromes”. Apesar da quantidade de casos complexos, o primeiro ensinamento do curso é muito simples: no confessionário é preciso ter “muita paciência”. (Com Rádio Vaticano)

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Agência ECCLESIA

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