Editora de Política da Renascença considera que as oposições «não vão dar de barato este petisco» que é a questão judicial «à volta de pesos pesados do Partido Socialista»
Lisboa, 16 nov 2023 (Ecclesia) – Susana Madureira Martins, editora de Política da Renascença, considera que a campanha para as eleições legislativas portuguesas 2024, a 10 de março, vai ser “muito dura e de muita propaganda”, e a atual crise politica “a questão da campanha”.
“Acho que vamos ter uma campanha eleitoral muito dura e de muita propaganda de parte a parte. Mas tenho muitas dúvidas que esta questão à volta do primeiro-ministro e à volta do Partido Socialista não seja a questão da campanha: As oposições não vão dar de barato este petisco que é esta questão judicial à volta de pesos pesados do Partido Socialista”, disse hoje Susana Madureira Martins, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Os bispos católicos portugueses estiveram reunidos em Assembleia Plenária Ordinária (208.ª), entre segunda-feira e hoje, de 13 a 16 de novembro, em Fátima; esta assembleia de novembro começou com um alerta do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa para o clima de “revolta” e “conflitualidade social” que se vive no país, por causa da crise económica, agravada pela crise política dos últimos dias, com a demissão do primeiro-ministro.
D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, alertou para a “desilusão e a apatia desmobilizadora” que são campo fértil para “manipulações e messianismos populistas”.
“Está a ver um bocadinho mais à frente e se calhar a fazer uma leitura das sondagens que se vão conhecendo e dão conta de uma grande baixa de percentagem em relação aos partidos ditos tradicionais – Partido Socialista, PSD – e a dar um bom arranque ao partido que ganha com toda esta crise politica, o Chega. André Ventura é um grande vencedor desta crise política e também a Iniciativa Liberal, em certo sentido”, desenvolveu a editora de Política.
Segundo Susana Madureira Martins, foi uma “visão muito certeira” do presidente da CEP em ver o que pode acontecer quando os eleitores forem às urnas nas eleições legislativas de 10 de março de 2024.
“Também vejo ai um certo apelo ao voto útil nos ditos partidos tradicionais”, acrescentou.
A editora de Política da Rádio Renascença salienta que nos últimos dias tem sido “tudo muito intenso” e ainda estão “todos a digerir e a assimilar este acelerar da vida politica”, após a demissão do primeiro-ministro António Costa, no dia 7 de novembro.
Para a jornalista da emissora católica, após o comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR), “era inevitável” que o primeiro-ministro português “viesse a tomar esta decisão de demitir-se do cargo”, porque “era demasiado grave”.
“Resta saber se a própria procuradora-geral da República não devia ter dado mais justificações sobre o assunto, que é o que o Partido Socialista tem pedido muito, sempre com alguma cautela para não ser acusado de estar a instrumentalizar a justiça”, acrescentou.
No dia 9 de novembro, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a realização de eleições legislativas antecipadas, e para a jornalista da Renascença é “fundamental” que os eleitores, os cidadãos, possam ser esclarecidos e tenham informação.
“Mas não é o que vai acontecer, não creio que possa ser possível. Vamos continuar a ser bombardeados com propaganda do Governo nos quatro meses que restam de maioria absoluta, os partidos das oposições a encharcarem a opinião pública de outras informações e também pedidos de esclarecimento e pedidos de informação e pedidos de ministros para irem ao Parlamento”, antecipa Susana Madureira Martins.
PR/CB
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