Vaticano: Papa denuncia «exploração» e estratégias de «domínio» como causas da guerra

Francisco concede entrevista a agência de notícias argentina, sublinhando necessidade de promover direitos dos trabalhadores

Cidade do Vaticano, 17 out 2023 (Ecclesia) – O Papa denunciou a “exploração” e as estratégias de “domínio” como causas das várias guerras que afetam a humanidade, numa entrevista à agência de notícias argentina Télam.

“A exploração é uma das origens da guerra. A outra origem é de tipo geopolítico de controle territorial. Há guerras que parecem infinitas, que nascem por razões culturais, mas na realidade são pelo domínio de território”, indica Francisco, numa conversa divulgada na noite de segunda-feira, no seu país natal.

O Papa sublinha que as crises devem ser “assumidas e superadas” em conjunto, para evitar o surgimento de populismos e xenofobia, na vida social e política.

“Acredito que o diálogo não pode ser apenas nacionalista, é universal, especialmente hoje com todas as facilidades que existem para comunicar”, precisa.

Para Francisco, a “segurança parcial” de apenas um país, é apenas uma ilusão, “se não for uma segurança integral, para todos”.

“O inimigo disto é a guerra. Desde que a II Guerra Mundial acabou até agora, tem havido guerras por todos os lugares. Foi o que me levou a dizer que estamos a viver uma guerra mundial aos pedaços”, alertou.

Carecemos de protagonistas de humanidade, que tornem visível o seu protagonismo humano. Às vezes, percebo que falta essa capacidade de gerir crises e de fazer emergir a própria cultura. Não tenhamos medo de trazer à tona os verdadeiros valores de um país. As crises são como vozes, que nos mostram para onde devemos ir”.

Francisco denunciou a “exploração dos trabalhadores”, realçando que no ensinamento católico esse é “um dos pecados mais graves”.

“Quando um trabalhador não tem direitos ou é contratado por pouco tempo, para depois os substituir e não pagar as contribuições, ele torna-se escravo e o outro torna-se algoz”, denunciou.

O Papa lamentou que, por causa das suas preocupações sociais, alguns o designem como “comunista”.

“Não é assim. O Papa pega o Evangelho e diz o que o Evangelho diz. Já no Antigo Testamento, o direito hebraico pedia para cuidar da viúva, do órfão e do estrangeiro. Se uma sociedade cumpre essas três coisas, corre bem, porque se responsabiliza pelas situações extremas”, indicou.

Francisco respondeu a questões sobre os avanços da tecnologia e as suas implicações, observado que nestas questões, incluindo a inteligência artificial, o que fará a diferença “é a capacidade de homens e mulheres de as gerir, assimilar e controlar”.

Nesta nova entrevista, o Papa reforçou a vontade de visitar a Argentina, onde não voltou desde a sua eleição pontifícia em 2013, e apontou também a Papua Nova Guiné, como destino possível.

OC

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Agência ECCLESIA

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