Livro «Queridas crianças… o Papa responde às suas perguntas», tem publicação agendada para dia 17
Cidade do Vaticano, 14 out 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse às crianças que os adultos têm muitos a aprender com os mais pequenos porque eles são “sábios”, “dizem a verdade” e ajudam a permanecer “humildes”.
“Vocês são sábios, têm corações puros, não têm preconceitos. Vocês dizem a verdade na cara (…) Vocês, sem perceber, ajudam os adultos que sabem ouvi-los e, em especial, aos seus pais (ajudam) a viver de maneira mais honesta e generosa. Vocês, crianças, sabem dar o devido valor aos momentos da vida: o estudo, a oração, a diversão, as brincadeiras sozinhas, com os amigos e com os pais; e eu espero muito que os pais consigam encontrar tempo para brincar com vocês. Além disso, vocês ajudam os adultos a permanecerem humildes”, explicou o Papa Francisco.
A pergunta de criança de nove anos, Mary, da Hungria, sobre o porquê de o Papa dizer que os adultos “devem aprender com as crianças”, integra um livro «Queridas crianças… o Papa responde às suas perguntas», ilustrado por Domenico Agasso, vaticanista do jornal «La Stampa» que será publicado no dia 17, e que hoje foi divulgado.
Na publicação, o Papa responde a crianças de diferentes contextos e geografias.
Darío, um menino espanhol de 10 anos, pergunta a Francisco porquê a existência de guerras.
“Hoje há tantas guerras e violência no planeta e, embora algumas pessoas digam que às vezes estão justas, não tenho dúvidas de que vocês entenderão que elas estão sempre erradas. As guerras são sempre erradas”, explicou o Papa.
Francisco lamentou o egoísmo, o “poder e dinheiro” que os adultos querem, “mesmo ao custo de fazer guerra com algum país, mesmo sabendo que isso significar matar outras pessoas”, se confrontados com obstáculos no desejo de poder.
Isabela, de nove anos, do Panamá, questionou sobre a possibilidade de a paz “um dia ser alcançada no mundo”, e o Papa pediu para que não se desista de concretizar esse objetivo uma vez que acredita ser “possível, alcançável”.
“Mais cedo ou mais tarde, os adultos vão entender que, num mundo completamente em paz, todos viveremos melhor. Mas é necessário que todos se comprometam a abaixar as armas, a desarmar a violência, a não provocar tensões e confrontos. E erradicar de seus corações o desejo de dominar os outros, a sede de dominação e de dinheiro. (…) Se todos vivêssemos dessa forma, haveria menos agressividade e também menos medo: todos seríamos mais serenos, mais contentes. O amor vence a guerra e nos faz felizes”, explicou.
Questionado sobre a importância de cuidar da natureza, Francisco alertou para as “mudanças climáticas e a poluição causada pelos seres humanos” que podem provocar o “desaparecimento da humanidade”.
“Meninos e meninas, rapazes e moças, graças muitas vezes à escola, entenderam que o futuro é deles e, portanto, é preciso agir com urgência no presente para salvar o futuro”, alertou, referindo a importância de “separar o lixo, não desperdiçar água e alimentos” e procurar informação que explique os problemas da Terra.
Samuel, de 10 anos, disse ao Papa que vivia num campo de refugiados, que se o dia corresse bem, conseguia fazer “uma refeição por dia” e que, procura sorrir, mesmo quando tem vontade de chorar e fugir para longe.
Francisco afirmou o direito de todas as crianças poderem ir à escola e terem espaços para brincar.
“Não percam a esperança num futuro melhor. Acredito que, mais cedo ou mais tarde, os países mais ricos entenderão que não podem continuar a usar e depois abandonar as terras de origem, investirão recursos para ajudar a resolver suas graves dificuldades e iniciarão uma transformação social que permitirá a todos uma vida digna e a possibilidade de sonhar com um tempo próspero não muito distante”, pediu.
A imigração foi também abordada por Alessandro, de Itália, que perguntou o motivo de “os adultos não quererem famílias de lugares pobres no seu país”.
“Devemos sempre considerar uns aos outros como irmãos e irmãs, sem desconfiar do país de origem, da religião ou da cultura diferente. Vocês são é um exemplo para aqueles que têm preconceitos com quem vem de longe, com o ‘estrangeiro’. Ninguém deve mais se sentir estrangeiro em nenhum lugar. E vocês, crianças, são muito boas em receber seus novos companheiros e companheiras. Vocês são capazes de integrar a sua identidade – por meio da brincadeira, do diálogo – com a identidade daqueles que chegam de países distantes, muitas vezes porque tiveram de fugir de guerras, violência, injustiça, pobreza, fome e perseguição”, reconheceu.
Francisco valorizou a mensagem que as crianças ajudam a transmitir sobre a importância da inclusão e da amizade que se concretiza com pessoas diferentes.
“Aqui também, os adultos, inclusive os líderes das nações, deveriam aprender com vocês: valorizar as raízes e, ao mesmo tempo, abrir-se para o mundo”, sublinhou.
LS