Sínodo: Papa recebeu pobres de Roma para saber o que esperam da Igreja

Participantes debateram temas ligados às migrações, conflitos e família

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 11 out 2023 (Ecclesia) – O Papa recebeu um grupo de pessoas pobres, de Roma, para almoçar com elas e saber o que esperam da Igreja, informou hoje o Vaticano.

Segundo Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), referiu aos jornalistas que a iniciativa decorreu esta terça-feira, na Casa de Santa Marta, onde Francisco, reside, com a presença do cardeal Konrad Krajewski, esmoler pontifício.

“Amor, apenas amor” foi a resposta do grupo à questão do Papa nesta espécie de “círculo menor”, os grupos de trabalho sinodais.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorre de 4 a 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

Paolo Ruffini adiantou que, até ao momento, falaram cerca de 150 participantes, o que equivale a mais de um terço da assembleia sinodal.

Várias intervenções aludiram à necessidade de paz, perante as várias crises internacionais, questionando como é que os cristãos “podem ser um sinal de paz e de reconciliação no nosso mundo desfigurado pelas guerras e pela violência”.

O prefeito do Dicastério para a Comunicação precisou que, esta manhã, foi abordado o tema da identidade sexual, que para alguns “deve ser abordado com responsabilidade e convicção, permanecendo fiéis ao Evangelho e os ensinamentos da Igreja”, havendo divisão sobre a “necessidade de maior discernimento” nesta matéria.

A pastoral com pessoas homossexuais ou divorciados e recasados foi outras questões debatidas, com o apelo a “rejeitar qualquer forma de homofobia”.

Segundo alguns participantes, “muitas dificuldades surgem do desconhecimento do percurso pessoal de cada pessoa”.

Nas mesas do Auditório Paulo VI falou-se ainda dos abusos e escândalos que põem em causa “a credibilidade como Igreja”, apelando ao esforço de todos para “erradicar os abusos sexuais, de poder e espirituais” e para “estar perto das vítimas”.

Com os jornalistas esteve Luca Casarini, chefe de missão do ‘Mediterranea Saving Humans’, navio de resgate civil no Mediterrâneo central com bandeira italiana, e convidado especial do Sínodo.

Foto: Ricardo Perna

“Num mundo onde existe competição para ver quem mata mais gente, dominado pelo ódio, ajudar uma vida, abraçar um irmão ou irmã no meio do mar é um presente infinito, que muda vidas e mudou a minha”, referiu.

O responsável falou das 2500 mortes, de janeiro até hoje, no Mediterrâneo central, como um símbolo da “pobreza desoladora” do Ocidente, incapaz de “chorar por uma criança que morre”.

“No meio do mar, sozinhos, encontramos os nossos irmãos e irmãs num ponto específico –e naquele momento encontram-se duas pobrezas: somos pobres de espírito. Neste nosso mundo ocidental consideramos normal o horror e isso significa que caímos numa pobreza desoladora”, indicou.

Para Casarini, quando a pobreza material de uns e a pobreza espiritual de outros se encontram, “abrem espaço para algo” novo “no mundo do ódio, o amor”.

O convidado do Sínodo deixou o desafio “radical” de ir ao encontro dos outros, numa sociedade em que o mal se transformou numa “estrutura”.

A assembleia sinodal tem 365 votantes – 54 mulheres – a quem se somam, sem direito a voto, 12 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

Outras 57 pessoas, entre elas 20 mulheres, vão participar como peritos, à imagem do que acontecia no passado, ou “facilitadores”, ou seja, “pessoas especializadas cuja missão é facilitar os trabalhos nas diferentes fases”, sem direito a voto.

OC

 

 

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Agência ECCLESIA

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