Colaborar com alegria na vinha do Senhor
A liturgia da Palavra do 27.º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem da vinha de Deus.
Na primeira leitura de Isaías, a parábola da vinha é uma história de amor. Fala-nos do amor de Deus que liberta o seu Povo da escravidão, que o conduz para a liberdade, que estabelece com ele laços de família, que lhe oferece indicações seguras para caminhar em direção à justiça, à harmonia e à felicidade, que o protege nos caminhos da história. É preciso termos consciência de que esta história de amor não terminou e que o mesmo Deus continua a derramar sobre nós, todos os dias, o seu amor, a sua bondade, a sua misericórdia. Para isso é preciso ter o coração aberto e disponível para acolher a Deus.
O encontro com o amor de Deus tem de significar uma efetiva transformação do nosso coração e levar-nos ao amor aos irmãos. Quem trata os irmãos com arrogância, assumindo atitudes duras, agressivas e intolerantes, quem pratica a injustiça e espezinha os direitos dos mais débeis, quem é insensível aos dramas dos irmãos, certamente ainda não fez a experiência do amor de Deus. Isso pode acontecer também nas nossas comunidades cristãs e religiosas.
O texto de Isaías identifica os frutos bons que Deus espera da sua vinha, como a retidão e a justiça, e afirma que Deus não tolera uma vinha que produza sangue derramado e gritos de horror.
Nos nossos dias, o sangue derramado das vítimas da violência, do terrorismo, das guerras, dos sistemas que geram morte e sofrimento continua a atingir a nossa história; os gritos de horror de tantos homens e mulheres privados dos direitos mais elementares, torturados, marginalizados, traficados, excluídos e descartados, impedidos de ter acesso a uma vida minimamente humana, continuam a escutar-se em todos os continentes. Não podemos ficar calados, num silêncio cúmplice e alienado, diante destas situações.
O Evangelho salienta a coerência com que devemos viver o nosso compromisso com Deus e com o Reino. Deus não obriga ninguém a aceitar a sua proposta de salvação e a envolver-se com o Reino; mas uma vez que aceitamos trabalhar na sua vinha, temos de produzir frutos de amor, de serviço, de doação, de justiça, de paz, de tolerância, de partilha.
Ao longo desta semana, sejamos construtores da vinha do Senhor nos espaços que habitarmos, aderindo sempre ao único dono da vinha que é o Senhor Jesus. E neste mês de outubro, Mês Missionário e Mês do Rosário, renovemos a missão a que todos somos chamados, sempre na alegria do Evangelho. E, com o Papa Francisco, rezemos para que «a Santíssima Virgem Maria, Estrela da Evangelização e Consoladora dos Aflitos, discípula missionária do seu Filho Jesus, continue a amparar-nos e a interceder por nós».
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org