Patriarca contra «fantasmas antigos»

Missa no dia do Regícidio serviu para pedir reconciliação da memória histórica no centenário da República D. José Policarpo alertou esta Sexta-feira para a necessidade de evitar que se ressuscitem “fantasmas antigos” nas celebrações do centenário da República, convidando a uma “convivência tolerante e fraterna”. “Católicos e não católicos, que ninguém ressuscite fantasmas antigos, porque 100 anos significaram um caminho andado, e a celebração das grandes efemérides históricas só tem sentido se celebram o presente e se abrem a um futuro novo”, afirmou. Na Missa a que presidiu por ocasião do Centenário do Regicídio, na Igreja de São Vicente de Fora, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou a “espoliação injusta de bens essenciais para o exercício da missão da Igreja”, para deixar votos de que “as celebrações dos próximos anos sejam marcadas por uma denúncia da violência, que deve ser rejeitada e combatida por todos, em todas as frentes”. “A Igreja e os cristãos querem estar na primeira linha desse combate, perdoando as violências sofridas e dando testemunho de convivência, no amor, com todos, mesmo aqueles que não se identificam connosco”, assegurou. No início da sua homilia, D. José Policarpo fez questão de destacar que a celebração desta Sexta-feira era “um acto religioso”. “Apesar de se enquadrar na memória histórica de acontecimentos com intenso significado político, o que nos reúne aqui é a fé da Igreja na vida para além da morte e a certeza da nossa comunhão com aqueles que já morreram”, precisou. O Patriarca de Lisboa não deixou de referir, contudo, que “há 100 anos, a morte do Rei e do Príncipe herdeiro foi um acto de violência, de violência política”, lamentando que essa violência continue a ser, no mundo de hoje, “um dos principais males da humanidade”. “O erradicar da violência será a maior vitória da civilização e a primeira manifestação da convivência democrática, baseada no respeito pela pessoa humana e suas legítimas diferenças”, apontou. Para D. José Policarpo, o Regicídio “foi acontecimento decisivo na revolução que levou à mudança do regime político”. “Não foi, infelizmente, o último acto de violência”, observou. “Durante todo o primeiro quartel do Século XX esta (a violência, ndr) foi caminho justificado para impor ideias e políticas: foram suas vítimas homens políticos, pessoas e associações; foi sua vítima, como sabemos, a própria Igreja, na perseguição das pessoas, sobretudo de sacerdotes, na destruição de estruturas e instituições, na espoliação injusta de bens”, disse. Em conclusão, o Cardeal-Patriarca pediu que se saiba “exorcizar todas as formas de violência, remindo pecados passados, de que a própria Igreja não foi isenta, contribuindo apaixonadamente para uma sociedade mais fraterna”. “Só a convivência tolerante e fraterna nos levará a uma sociedade justa, humanizada, democrática”, referiu. Notícias relacionadas • Homilia do Cardeal-Patriarca de Lisboa na Missa do Centenário do Regicídio

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Agência ECCLESIA

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