O apelo da Semana da Unidade

Uma perspectiva jovem sobre uma iniciativa de oração ecuménica que cumpre 100 anos em 2008 Celebramos, este ano, um século sobre o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Nela relembramos o gesto profético de Paul Wattson, que abriu um fecundo caminho que, ao longo de cem anos, congregou um número crescente de cristãos, provenientes das mais diversas tradições, em torno da oração pela reconciliação entre os discípulos e discípulas de Cristo e pela procura incessante e sempre renovada da unidade desejada pelo mesmo Cristo. Uma unidade na fé, na verdade e na caridade. Uma unidade no essencial, no respeito pela legítima pluralidade das diferentes tradições. No rescaldo da III Assembleia Ecuménica Europeia, realizada na cidade romena de Sibiú de 4 a 9 de Setembro de 2007, este oitavário de oração torna ainda mais actual o que o cardeal Walter Kasper aí proferiu: “As mãos que se uniram não podem mais ser separadas”. O mesmo repetira já o papa João Paulo II à saciedade, ao afirmar o carácter irreversível do caminho ecuménico. O mesmo é-nos reafirmado por Bento XVI e o mesmo foi o sentir dos delegados presentes em Sibiu. Os caminhos aí apontados revelaram as inúmeras possibilidades de construção e de vivência desta unidade no concreto da vida das Igrejas e de cada cristão: empenho social, luta pela integridade da criação, defesa dos direitos humanos, procura de uma civilização mais justa e fraterna, acolhimento do outro na sua diferença e na sua riqueza… Mas este Oitavário remete-nos para o essencial: não há unidade dos cristãos sem reconciliação, e esta é obra do Espírito em nós. Aqui, a oração converte-nos ao desejo que o Espírito grita em nós, abre-nos os horizontes para perceber a urgência da prece de Jesus para que “todos sejam um”, cria em nós a capacidade de irmos ao encontro do outro numa atitude de verdade e de bondade. “Orai sem cessar”. Muitas celebrações ocorrerão nesta Semana, também ao nível juvenil (em Lisboa, no dia 19, na igreja lusitana de S. Paulo, na Rua das Janelas Verdes). Porque não arriscar a ir ao encontro dos outros e a perceber que é possível rezarmos em conjunto? Acreditamos no mesmo Senhor, acolhemos a Sua palavra, dirigimos para Ele a nossa oração comum. Se muito há ainda para andar, a verdade é que o caminho faz-se andando. E, como relembrou o Irmão Roger de Taizé na sua estadia em Lisboa, pouco antes de morrer, “nada nos torna mais responsáveis do que a nossa oração”. Porque ela desinstala-nos e põe-nos em sintonia com a inquietude de Deus, que sempre procura o Homem para que este viva em comunhão consigo e com aqueles que é chamado a reconhecer como irmãos. João Luís Fontes, Fórum Ecuménico Jovem

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