Lisboa 2023: Papa pede novo rumo para a Europa, perante guerra na Ucrânia e a crise migratória

Francisco deixa críticas à legalização da eutanásia e a discursos populistas

Foto António Pedro Santos/Lusa

Lisboa, 02 ago 2023 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje, em Lisboa, a definição de um novo rumo para a Europa, perante a guerra na Ucrânia e a crise migratória no continente.

“Olhando com grande afeto para a Europa, no espírito de diálogo que a carateriza, apetece perguntar-lhe: para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo?”, questionou, no primeiro discurso da sua viagem de cinco dias a Portugal.

Francisco falava no Centro Cultural de Belém, perante autoridades políticas, representantes da sociedade civil e membros do corpo diplomático.

A intervenção deixou críticas ao investimento em armamentos, que considerou um “empobrecimento do verdadeiro capital humano que é a educação, a saúde, o estado social”.

“Fica-se preocupado ao ler que, em muitos lugares, se investem continuamente os recursos em armas e não no futuro dos filhos”, apontou.

Sonho com uma Europa, coração do Ocidente, que use o seu engenho para apagar focos de guerra e acender luzes de esperança; uma Europa que saiba reencontrar o seu ânimo jovem, sonhando a grandeza do conjunto e indo além das necessidades imediatas; uma Europa que inclua povos e pessoas, sem correr atrás de teorias e colonizações ideológicas”.

O Papa apelou à defesa da vida humana, com referências à legalização do aborto e da eutanásia, bem como à crise migratória e ao “desamparo em que são deixadas muitas famílias”.

“Para onde vais [Europa] se, perante o tormento de viver, te limitas a oferecer remédios rápidos e errados como o fácil acesso à morte, solução cómoda que parece doce, mas na realidade é mais amarga que as águas do mar?”, referiu.

Francisco aludiu à assinatura do Tratado de Lisboa, em 2007, para falar do “sonho europeu dum multilateralismo mais amplo do que o mero contexto ocidental”.

“Lisboa constitui a capital mais ocidental da Europa continental, lembrando a necessidade de abrir caminhos de encontro mais vastos, como aliás Portugal está a fazer, sobretudo com os países de outros continentes irmanados pela mesma língua”, apontou.

Espero que a Jornada Mundial da Juventude seja, para o velho continente, um impulso de abertura universal. Na verdade, o mundo tem necessidade da Europa, da Europa verdadeira: precisa do seu papel de construtora de pontes e de pacificadora no Leste europeu, no Mediterrâneo, na África e no Médio Oriente”.

A visita de cinco dias do Papa constitui a mais longa das viagens papais a Portugal, até hoje.

Em maio de 2017, Francisco tornou-se o quarto Papa a visitar Portugal, depois de Paulo VI (13 de maio de 1967), João Paulo II (12-15 de maio de 1982; 10-13 de maio de 1991; 12-13 de maio de 2000) e Bento XVI (11-14 de maio de 2010); São João Paulo II cumpriu ainda uma escala técnica no Aeroporto de Lisboa (2 de março de 1983), a caminho da América Central.

OC

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Agência ECCLESIA

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