Mas o presépio é eloquente

Mensagem do Natal do Bispo de Coimbra Nos dias de Natal a imagem de uma criança prende os nossos olhos e também encanta muitos corações. Aqueles de nós que são crentes fixam essa imagem extasiados, cantando que Deus poderoso se fez Menino! A força de uma criança reside na sua fraqueza. Ela não tem poder, nem dinheiro, nem prestígio. Sua força é ser vida a crescer! E a vida de uma criança atrai o nosso olhar e domina o nosso coração. Na sua debilidade, clama por ajuda; na sua dependência, requer a nossa atenção; na sua autenticidade, questiona os nossos disfarces. A criança é vida em evidência. Esta é a primeira lição que, sem palavras, Deus nos dá ao fazer-se Menino. Deus ama a vida humana. E ao nascer débil, dependente e pobre, diz-nos que espera a nossa ajuda, a atenção dos adultos, o calor da família, a protecção da sociedade. De tudo isso Deus necessitou. Porque quis. Mais tarde, esse Menino, feito homem adulto e Mestre, Jesus de Nazaré, resumiu a lição: Deixai vir a Mim as criancinhas, que delas é o Reino dos Céus”. E “se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino”. Neste Natal não podemos esquecer que muitas crianças nos gritam, também sem palavras, que atraiçoámos a vida. No nosso país, que se considera terra de brandos costumes e bons sentimentos, são muitas as crianças abandonadas; os jornais falam-nos frequentemente de meninos maltratados e de outros obrigados a trabalhos que rendem; nas escolas queixam-se os professores dos inúmeros casos de carências afectivas… E nós, cristãos, não podemos esquecer os milhares de crianças a quem já não damos a conhecer o amor que Jesus lhes tem… Mas o presépio é eloquente. Ao olharem para as palhinhas os meninos descobrem que Jesus gosta deles! E nós, adultos, que vamos aprender como presépio neste Natal de 2007? Haverá mais famílias corajosamente abertas à adopção, mormente entre os lares cristãos? Será que a opinião pública e os poderes constituídos se vão convencer de que as instituições para menores são uma necessidade que devemos compreender e acarinhar? Iremos pedir a Deus que os casais se mantenham unidos para que os seus filhos não acrescentem o número das crianças que choram porque os pais se divorciaram? E que mais nos diz o Menino do presépio? Pede-nos que falemos dele às crianças: que todos nós, bispo, padres, avós. Mães e pais, professores e catequistas saibamos dizer a verdade aos meninos do nosso tempo: É Natal porque Ele nasceu! Também nos aconselha a que fujamos de um pecado: o de ficarmos felizes, nós, os adultos, porque contentou as crianças encharcando-as de prendas, em vez de lhes darmos o que mais precisam: atenção e amor. O Menino, que é Deus, diz-nos ainda que a todos nos quer dar um santo Natal. Com Ele também o deseja para todos o vosso Bispo. D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra

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