Sinodalidade, regionalização, cooperação fraterna, reforço da presença de mulheres e de jovens foram temas em destaque na Assembleia Geral da organização católica
Roma, 16 mai 2023 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas Portuguesa participou, em Roma, na Assembleia Geral da confederação internacional deste organismo católico, destacando hoje a “clarificação” promovida pelos novos estatutos e as mudanças pedidas pelo Papa.
“Houve uma discussão muito forte a propósito da sinodalidade, da regionalização, da organização, da cooperação fraterna, a forma como devemos garantir que fazemos rede, quando algum dos membros está em situação de grande fragilidade, de que forma é que nos podemos fazer presentes,”, explicou Rita Valadas, em declarações à Agência ECCLESIA.
“Houve alteração de estatutos também, que trazem uma clarificação dos papéis e das competências dos vários órgãos, o que ajudará a rede a funcionar melhor”, acrescentou.
‘Construir novos caminhos de fraternidade’, inspirado na Encíclica ‘Fratelli Tutti’ do Papa Francisco, foi o tema da Assembleia Geral da ‘Caritas Internationalis’, entre 11 e 16 de maio, que reuniu cerca de 400 delegados, das 162 organizações Cáritas no mundo.
Rita Valadas realçou que os participantes apelaram ao reforço da “presença de mulheres e de jovens no trabalho e na representação” da organização católica, falando em dias de trabalho sem “grandes dissonâncias”, apesar do debate intenso.
A 22ª Assembleia Geral elegeu o arcebispo de Tóquio, D. Tarcisius Isao Kikuchi, como novo presidente da ‘Caritas Internationalis’, tendo como vice-presidente Kirsty Robertson, a CEO da Cáritas Austrália, e Alistair Dutton, atual diretor-executivo da Cáritas Escócia, como novo secretário-geral.
O Papa, que recebeu uma delegação da Cáritas Internacional no início dos trabalhos, no dia 11, e saudou a eleição do novo presidente da confederação, este domingo, no Vaticano, após a recitação do ‘Regina Coeli’, incentivando a seguir “em frente, com coragem, no caminho da reforma”.
Francisco considerou ser necessária uma revisão do atual quadro legal da confederação internacional da Cáritas, e, a 22 de novembro de 2022, designou Pier Francesco Pinelli como comissário extraordinário.
Para Rita Valadas, a intervenção do Papa ajudou a confederação internacional da Cáritas a questionar-se e refletir, precisando que os novos estatutos “têm uma clarificação densa de papéis e de competências, e isso é importante para todos”.
‘Cooperação fraterna’ foi uma das questões-chave das sessões, e, segundo a presidente da Cáritas Portuguesa, estes encontros são um “um espaço de ouro”, porque a partilha de “experiências permite dar passos maiores”.
“Temos vindo a participar em muitas campanhas, por causa da guerra, de intempéries, e gostamos de saber o que está a acontecer nesses países que Portugal também apoiou: a Ucrânia, estes últimos terramotos [Turquia e Síria], saber como é que esses países estão, qual é o seu nível de vulnerabilidade. Ou também aqueles com quem trabalhamos mais de perto, em termos técnicos para saber que passos de futuro podemos dar”, exemplificou.
A presidente da Cáritas Portuguesa, que participou nesta assembleia com o secretário-geral, João Pereira, adianta que aproveitam para realizar “vários encontros com alguns parceiros mais próximos”, como a Cáritas de Espanha, a Cáritas Macau ou o Fórum das Cáritas Lusófonas.
Para além da eleição da nova direção, o encontro contou com a apresentação do Plano Estratégico 2024-2030.
A presidente da Cáritas Portuguesa acrescenta que o caminho nacional também passa pelo ‘safe caring’, ou seja, “criar formas de prevenir e apoiar as pessoas que precisam da atenção mais especial, por alguma fragilidade que tenham ou alguma vulnerabilidade que tenha sido provocada”.
CB/OC
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