Joaquim Mexia Alves, Diocese de Leira-Fátima
Senhor, sinto hoje um vazio dentro de mim.
Parece que Te afastaste de mim e eu não sinto a Tua presença.
Eu sei, Senhor, que talvez procure mais consolações para mim do que caminho árduo e difícil, do caminho que és Tu e não eu.
E, no entanto, avisaste-nos de que o caminho não era fácil, tinha tribulações, tinha dificuldades, tinha curvas e contracurvas, incompreensões, que a “porta é estreita”, que é como passar pelo “buraco da agulha”, mas que, e isso é o mais importante, Tu estás sempre connosco e é contigo que devemos fazer o caminho, porque o Caminho és Tu.
Acredito, Senhor, que estás aqui a meu lado enquanto escrevo estas palavras, estas linhas de pensamento, e me dizes ao mesmo tempo que, se não estivesses aqui, como poderia eu sequer falar contigo, escrevendo?
Ah, Senhor, e eu posso ter essa certeza que estás comigo, porque creio em Ti, e creio que tudo o que dizes é verdade e por isso nunca nos abandonas.
Já Tu, Senhor, naquela noite percebeste e sentiste que todos se afastavam de Ti e Te deixavam entregue à Tua “sorte”.
Mas sabias também que não estavas sozinho, porque o Pai velava por Ti e o Espírito Santo te envolvia e fazia sentir o Teu próprio amor.
Caminhas sobre as águas da minha escuridão momentânea, tomas-me pela mão, e dizes-me cheio de amor: «Sou Eu, não tenhas medo!» (Jo 6, 20)
E o caminho alarga-se, enche-se de luz, tiro a capa que me isola e parece que salto (Mc 11, 50) para Te encontrar, porque Tu me chamas para Ti e juntos partimos estrada fora, enquanto me vais explicando a Palavra que Tu és, para depois me deixares ver-Te com o coração e me alimentares no Teu amor. (cf Lc 24, 25-32)
E eu, feliz por Te teres feito presente em mim, (afinal era eu que estava longe de Ti), também sorrio e digo a quem quiser ouvir: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui: ressuscitou!» Lc 24, 5-6)
Joaquim Mexia Alves