Vaticano: «A doença e a finitude do pensamento moderno são frequentemente vistas como perda» – Papa

Francisco assinalou que para o cristão «até a doença é um grande dom de comunhão»

Foto Vatican Media – Divisão de Fotografia

Cidade do Vaticano, 20 abr 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje que a doença e a finitude do pensamento moderno são frequentemente vistas como uma perda”, aos participantes da Assembleia Plenária da Comissão Pontifícia Bíblica, intitulada ‘A doença e o sofrimento na Bíblia’.

“A doença e a finitude do pensamento moderno são frequentemente vistas como uma perda, um não-valor, um incómodo que deve ser minimizado, combatido e anulado a todo custo. Não se quer fazer a pergunta sobre seu significado, talvez porque se teme as suas implicações morais e existenciais, o entanto, ninguém pode escapar da busca do ‘porquê’”, disse o Papa, assinalando que o tema da assembleia vai ao encontro das suas preocupações.

Segundo o Papa, “a fé pode ser abalada” perante a experiência da dor e pode também tomar diferentes rumos, porque “a pessoa é colocada numa encruzilhada”.

“Ela pode permitir que o sofrimento a leve a se retirar em si mesma, ao ponto de desespero e rebeldia, ou pode acolhê-la como uma oportunidade de crescimento e discernimento quanto ao que realmente importa na vida, ao ponto de um encontro com Deus”, explicou.

Na audiência aos membros da Assembleia Plenária da Comissão Pontifícia Bíblica, Francisco assinalou que o homem bíblico se sente convidado a “enfrentar a condição universal da dor como um lugar de encontro com a proximidade e compaixão de Deus”, observando que com “infinita misericórdia” toma conta das suas criaturas feridas para “curá-las, levantá-las e salvá-las”.

Assim, em Cristo também o sofrimento se transforma em amor e o fim das coisas deste mundo se torna esperança de ressurreição e salvação; em essência, para o cristão, até mesmo a enfermidade é um grande dom de comunhão, pelo qual Deus o faz participar da sua plenitude de bondade precisamente através da experiência da sua fraqueza”.

O Papa, já no final da sua intervenção, recordou que no Jubileu dos Doentes e Deficientes, em 2016, afirmou: “A forma como experimentamos a dor fala-nos da nossa capacidade de amar e de nos deixar amar”.

Para Francisco, um último aspeto da experiência da doença é a solidariedade, ilustrada pela parábola do Bom Samaritano, e sublinhou que “ensina a viver a solidariedade humana e cristã, segundo o estilo de proximidade, compaixão e ternura de Deus”, lê-se no portal Vatican News.

“A parábola do Bom Samaritano lembra-nos que debruçar-se sobre a dor dos outros não é uma escolha opcional para o homem, mas uma condição inalienável, para a sua plena realização como pessoa, quanto para a construção de uma sociedade inclusiva, verdadeiramente orientada para o bem comum”, apontou.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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