D. Manuel Clemente lavou os pés a voluntários internacionais que com «trabalho generoso» preparam a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023
Lisboa, 07 abr 2023 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca lamentou a falta de “expressão autêntica de compromisso” que leve “até ao fim” o amor a que os cristãos são chamados, visível na «guerra mundial aos pedaços», na falta de habitação, alimentação, educação e salário digno.
“Na verdade, quando assistimos a esta «guerra mundial em pedaços», como o Papa Francisco designa a soma de conflitos que não se resolvem e vão em crescendo, martirizando tantas pessoas e países inteiros; quando encontramos tanta dificuldade em resolver problemas básicos de habitação garantida, alimentação suficiente, educação bastante, salário digno, ou saúde para todos; ou mesmo quando na nossa vida de Igreja, pessoal ou comunitária, deparamos com problemas que nunca deveriam existir ou ter existido… Quando tudo isto e muito mais se acumula de negativo e contraditório com boas vontades e boas ações, que felizmente não faltam, concluímos que nos amamos pouco ou não o fazemos até ao fim”, afirmou D. Manuel Clemente, durante a homilia na Missa Vespertina da Ceia do Senhor, celebrada esta Quinta-feira Santa, publicada no site do patriarcado de Lisboa.
O cardeal-patriarca convidou a uma “expressão autentica” de compromisso: “Não é comunhão ocasional ou desatenta num momento chamativo duma cerimónia entre outras. É expressão autêntica do compromisso em atingir o mesmo fim de salvar-se salvando os outros, pela graça de Quem desse modo nos amou e salvou primeiro”.
“Porque amar até ao fim, mesmo na Cruz que nos abre à ressurreição das vidas, significa um interesse permanente e efetivo pelo bem dos outros e uma compreensão da existência como dádiva, que só assim se realiza plenamente, quando faz do bem dos outros o seu próprio bem. Porque amar até ao fim é nunca deixar de o fazer, sem desistência nem cansaço, como Cristo foi e nos permite ser”, acrescentou.
Na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente assinalou a celebração da ceia “não como uma repetição”, mas oferecida para a “aprofundar e assimilar sempre mais”.
“Não devemos dizer que celebramos ou participamos em muitas Missas, porque existe apenas aquela que o Senhor assinalou na Ceia e realizou na Cruz. Devemos dizer, isso sim, que não deixamos de celebrar e participar na única Missa de sempre, porque como os antigos mártires e os que agora arriscam a vida para participar nela, não podemos viver sem a Eucaristia”, indicou.
Na celebração, o cardeal-patriarca convidou os cristãos a levar a toda a parte, a “expansão da vida oferecida e ressuscitada”, sobretudo “a tantas situações em que a morte parece sepultar os corpos ou as almas”.
“Levemos a advertência muito a sério. Até com a seriedade que as circunstâncias atuais nos impõem, na vida do mundo mais próximo ou mais afastado e mesmo da Igreja como deve ser. Uma vida eucarística, em suma, não episódica mas constantemente levada e aprofundada, recebendo e partilhando o corpo e sangue de Jesus, tornados nossos para chegarem a todos”, convidou.
Na celebração de Quinta-feira Santa, D. Manuel Clemente lavou os pés a “voluntários internacionais”, assinalando o seu trabalho generoso na “preparação da Jornada Mundial da Juventude”.
“Vieram dos cinco continentes, para também chegarem a este confim ocidental da Europa e fazer dele um lugar para os jovens do mundo inteiro. Também deste modo irão até ao fim. – Graças a Deus por eles, graças pelo que nos dão a nós!”, finalizou.
LS