Porto: Bispo assume as «culpas do passado e do presente» cometidos no âmbito de abusos sobre menores

D. Manuel Linda pede união e reconciliação para «olhar o futuro com otimismo»

Forto João Lopes Cardoso/Diocese do Porto

Porto, 06 abr 2023 (Ecclesia) – O bispo do Porto pediu hoje à diocese para tomar consciência da “realidade horrivelmente criminosa” dos abusos de menores na Igreja e apelou à reconciliação num “momento de dor”, assumindo as “culpas do passado e do presente”.

“Há que fazer penitência pelas culpas do passado e do presente: pelos abusos de poder de quem os encobriu, pelo clericalismo de clérigos e de leigos, pela ignomínia de quem cometeu esses crimes e pelo despudor de quem eventualmente possa ter usado o anonimato para fazer acusações mal fundadas ou falsas”, afirmou D. Manuel Linda.

Na homilia da Missa Crismal, na Sé do Porto, o bispo diocesano sublinhou a necessidade do “clero, vítimas e sociedade em geral” se reconciliarem e de cada comunidade ser “escrupulosamente respeitadora das fragilidades”.

“Está na hora de cairmos em nós próprios para tomarmos consciência da sua gravidade – uma gravidade que destrói vidas – e nos tornarmos uma comunidade escrupulosamente respeitadora das fragilidades”, sustentou.

Olhemos o futuro com otimismo. Uma Igreja fiel ao seu Fundador não tem que temer um qualquer fim de linha. Deus é o Senhor do tempo. De todos os tempos”.

Na Missa que reúne o clero diocesano com o seu bispo, na manhã de Quinta-feira da Semana Santa, D. Manuel Linda apelou à “plena união” e “sã harmonia” entre toda a diocese.

“Precisamos de plena união como, aliás, experimentamos da parte da grande maioria. Mas precisamos também nós, os ministros ordenados, de nos unirmos ainda mais, qual família de irmãos, edificada sob a paternidade espiritual do bispo”, afirmou.

Forto João Lopes Cardoso/Diocese do Porto

O bispo do Porto disse que os “tempos de crise” apelam a “passar de um estado rotineiro e morno a um outro mais condizente com o que o Espírito pede à Igreja para este tempo e cultura” e lembrou o perigo do “clericalismo” e do “verticalismo” que ameaçam uma “efetiva sinodalidade” e a “valorização dos carismas e ministérios laicais”.

D. Manuel Linda apelou a um investimento em “específicos critérios de renovação” na Diocese do Porto, que passam por uma “verdadeira conversão espiritual”, a “proximidade” a cada pessoa e pela “escuta sinodal” e a valorização dos carismas e ministérios.

O bispo do Porto lembrou também a “efetiva renovação do ministério sacerdotal”, que passa pela “aceitação da responsabilidade individual” inerente ao ministério, por viver um  “estilo de vida colegial” e agir em nome da Igreja de forma ligada ao povo de Deus.

Na Missa Crismal, D. Manuel Linda evocou os sacerdotes e diáconos falecidos na Diocese do Porto e homenageou os padres que celebram 25 e 50 anos de sacerdócio.

“Prossigamos porque não vamos por nossa conta, mas por conta do nosso Deus que nos constituiu seus ministros. Prossigamos porque temos uma função insubstituível: anunciar e celebrar o mistério pascal do Senhor como penhor de alegria e de esperança contra toda a esperança”, concluiu o bispo do Porto.

PR

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Agência ECCLESIA

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