Religiões unidas pela paz

Visita do Papa a Nápoles marcada pelo encontro com líderes religiosos de todo o mundo Bento XVI encontrou-se em Nápoles com representantes de Igrejas e comunidades eclesiais , bem como de outras grandes religiões mundiais, defendendo que “as religiões podem e devem oferecer preciosos recursos para construir uma humanidade pacífica, porque falam de paz ao coração do homem”. Saudando todos os presentes, o Papa recordou a iniciativa do seu predecessor, que está na origem deste encontro anual: o primeiro encontro de Assis, em 1986, quando João Paulo II convidou altos representantes religiosos a congregarem-se na cidade de Francisco, para rezarem pela paz, “sublinhando nessa ocasião o elo intrínseco que une uma autêntica atitude religiosa com a viva sensibilidade por este bem fundamental da humanidade”. Este convite foi renovado pelo mesmo Papa Wojtyla, em 2002, depois dos dramáticos acontecimentos do 11 de Setembro do ano anterior. E aqui Bento XVI quis precisar o conceito genuíno daquilo que se costuma designar como o “espírito de Assis”. “No respeito das diferenças das várias religiões, somos todos chamados a trabalhar pela paz e a empenharmo-nos concretamente na promoção da reconciliação entre os povos. É este o autêntico ‘espírito de Assis’, que se opõe a toda e qualquer forma de violência e ao abuso da religião como pretexto para a violência”, frisou. Segundo o Papa alemão, perante um mundo lacerado pelos conflitos, onde por vezes se justifica a violência em nome de Deus, é importante reafirmar que nunca as religiões se podem tornar veículos de ódio: “Nunca, em nome de Deus, se pode justificar o mal e a violência”. Bento XVI marcou presença na cidade de Nápoles a convite da Arquidiocese local, que se uniu à Comunidade de Santo Egídio para promover o Encontro Internacional de líderes religiosos pela paz. Para além do Papa, marcam presença na cidade italiana o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I; o Arcebispo Primaz da Igreja Anglicana, Rowan Willians; o Rabino chefe de Israel, Yona Metzger; o reitor da Universidade de Al-Azhar (Egipto), Ahmad Al-Tayyeb, bem vários representantes políticos. A iniciativa de juntar líderes das várias religiões partiu da comunidade católica de Santo Egídio, que procura desenvolver os caminhos abertos pelo histórico encontro pela paz que João Paulo II convocou para Assis. Este percurso de 21 anos já atravessou as principais cidades da Itália e capitais europeias. Em Nápoles, de 21 a 23 de Outubro, o tema que estará em cima da mesa é “Por um mundo sem violência – Religiões e culturas em diálogo”. Segundo os promotores da iniciativa, “num tempo marcado pelo terrorismo e as guerras, bem como por esforços de diálogo e reconciliação, as religiões assumiram um papel relevante no espaço público”. Na breve alocução pronunciada antes da recitação do Angelus, Bento XVI, fez votos de que “esta importante iniciativa cultural e religiosa possa contribuir para consolidar a paz no mundo”. Não faltou uma referência expressa à celebração, neste omingo do Dia Mundial das Missões, tendo este ano como tema “Todas as Igrejas para todo o mundo”. O Papa recordou que “cada Igreja particular é corresponsável pela evangelização de toda a humanidade” e fez apelo a que não falte, “a todos os que actuam nas fronteiras da missão”, “apoio espiritual e material”. Logo de manhã, na homilia da Missa a que presidiu, com a presença dos delegados cristãos, Bento XVI, falou da violência e das variadas formas de pobreza e mal-estar que reinam em Nápoles, advertindo para o risco de que a violência se torne uma mentalidade difusa. “É necessária uma intervenção que envolva a todos na luta contra todas as formas de violência, partindo da formação das consciências e transformando as mentalidades, as atitudes e os comportamentos de todos os dias”, precisou. (Com Rádio Vaticano) FOTO: Lusa

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top