Bancos Alimentares Contra a Fome estão a receber menos fruta e hortícolas, devido a menor produção dos agricultores
Lisboa, 30 mar 2023 (Ecclesia) – Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, disse que a sociedade portuguesa se encontra numa “situação estrutural dificílima”, com “mais pessoas em situação de pobreza” e registos de menor produção agrícola.
“O que temos na sociedade portuguesa é uma situação estrutural dificílima. Há um elevado nível de pobreza: estatísticas muito recentes mostram que há mais pessoas em situação de pobreza, pessoas que até agora não recebiam apoios do Estado e agora têm, nem que seja para habitação. Estamos cada vez mais dependentes do Estado e assim a máquina da economia não se põe em marcha”, refere à Agência ECCLESIA.
“Quando não produzimos não conseguimos distribuir. E agora vê-se uma diminuição da produção em todos os níveis. Isto não é bom para a economia, e em especial, para as famílias mais carenciadas que são as apoiadas pelos Bancos Alimentares”, acrescenta.
A Federação, composta por 21 bancos alimentares no território nacional que trabalham em parceria com 2600 instituições e ajudam a alimentar 400 mil pessoas, regista a doação de “produtos secos, que chegam através das campanhas de recolha e da solidariedade coletiva”, mas acusa menos doações de produtos frescos, “fruta e hortícolas”.
“O que sentimos hoje é que muitos agricultores já não têm as campanhas que tiveram, ou seja, semearam menos porque os fitossanitários e fertilizantes aumentaram, aumentando os custos de produção. Há muito menos fruta doada aos bancos alimentares e a fruta que há tem menor calibre. O que verificamos é que os produtos frescos reduziram muito”, indica.
Isabel Jonet alerta para consequências na menor produção, com impacto na quantidade disponível acessível para o mercado, uma vez que a agricultura está na base da alimentação.
“Daqui a pouco o que temos? Toda a sociedade e economia vai ser afetada por esta redução”, lamenta.
A responsável indica que as frutas e os hortícolas são os alimentos que as pessoas “cortam”, apesar de “essenciais para a alimentação”.
Aos Bancos Alimentares acompanham o “acréscimo dos preços dos produtos mais básicos, seja dos alimentos como da energia”, dificuldades que “os bolsos dos portugueses sentem”.
“No caso dos alimentos o que temos verificado é um acréscimo do número de pedidos de apoio mas também dos pedidos que nos chegam por parte das instituições. É preciso não esquecer que não são só as famílias que consomem os produtos alimentares. As IPSS que têm respostas de Creche, Lar e ATL, têm mais despesas e precisam de mais verbas para poder garantir a alimentação que servem aos seus utentes”, explica.
Isabel Jonet indica que as Instituições de solidariedade “pedem mais apoio” porque estão a viver “maiores dificuldades”.
A subida dos bens alimentares e o impacto da inflação é o tema em em destaque na próxima emissão do Programa ’70×7′, este domingo, pelas 17h30, na RTP2.
HM/LS
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