Sudão do Sul: Visita do Papa é «chamada de atenção» para os pobres e rejeitados – Irmã Joana Carneiro

Missionária portuguesa destaca «sinal de interesse do Papa e da Igreja para com um país praticamente esquecido»

Juba, 02 fev 2023 (Ecclesia) – A Irmã Joana Carneiro, médica e missionária Comboniana no Sudão do Sul, disse à Agência ECCLESIA que a visita do Papa Francisco àquele país “praticamente esquecido”, que se inicia esta sexta-feira, é uma “chamada de atenção” para os pobres e rejeitados.

“Como missionária é com grande esperança que recebemos a notícia que o Papa vinha a Juba, a capital, é um sinal de interesse do Papa e da Igreja para com um país praticamente esquecido, o país mais jovem do mundo mas completamente esquecido”, assinalou a religiosa portuguesa.

A missionária, em missão no Sudão do Sul há cinco anos, lamenta que nos “países e sociedades mais desenvolvidos” haja a tendência de “esquecer os mais pobres e abandonados” e esta visita de Francisco vem colocá-los no centro.

“A visita do Papa é uma grande chamada de atenção para não esquecermos aqueles que todavia existem, ainda que tão pobres e abandonados, não são esquecidos por Deus e a visita do Papa é o grande sinal de meter no centro a pessoa mais necessitada, mais pobre como Jesus fazia e Jesus fez na sua vida pública, aquele que a sociedade rejeita por tantos motivos, a chamada de atenção ao mundo para com o povo do Sudão do Sul é o grande presente para o nosso país aqui e para a esta sociedade”, indica. 

A irmã Joana Carneiro trabalha num hospital a cerca de 600 Km de Juba, capital do país, “onde a forma segura de viajar é de avião”, uma vez que o Sudão do Sul é “instável em todos os aspetos”.

“A situação no país é instável em todos os aspetos, segurança, justiça, saúde, educação, com grande pobreza generalizada, com grande dificuldade para o povo desenvolver-se de modo que a vida possa ser mais verdadeira, mais pacífica e justa todos os dias”, explica. 

A médica reforça o povo “com uma energia enorme e grande fé em Deus”, na sua maioria cristãos, e com “sentimento da presença de Deus” na sua vida.

“Nesta zona onde me encontro sentimos que a figura do Papa não é bastante conhecido, e por isso, enquanto congregação religiosa procuramos desenvolver iniciativas para as pessoas conhecerem quem é”, partilha.

O Papa Francisco vai chegar ao Sudão do Sul esta sexta-feira, 03 de fevereiro, a segunda etapa da sua viagem a África.

“Esperemos que seja também uma grande marca para o corpo político do país porque 8esta viagem) vem falar de paz e justiça tão necessitada neste país, porque há tantas áreas em completa obscuridade devida a guerra e corrupção e injustiça, com grandes abusos de todas as partes, há muita gente a sofrer de forma brutal e a chamada para a paz e reconciliação é uma das prioridades da evangelização da Igreja Católica no Sudão do Sul”, defende.

A missionária comboniana refere que, “embora se possa pensar que de forma prática pode fazer pouco a visita”, o momento “pode abrir portas da mente e coração a tantas pessoas” e esse possa ser o “primeiro passo para a ação e mobilização para a transformação”. 

O programa nos dois países, onde os católicos representam cerca de 50% da população, prevê 12 discursos e homilias, em seis dias.

A 40ª viagem do pontificado vai fazer do Papa o primeiro a visitar o Sudão Sul, independente desde 2011, onde se vai encontrar com pessoas deslocadas internamente.

Esta é a quinta viagem do atual Papa ao continente africano, onde esteve em 2015, 2017 e 2019, por duas vezes, tendo passado, entre outros países, por Moçambique.

OC/SN

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Agência ECCLESIA

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