Ecologia e Espiritualidade – o compromisso dos jovens Shalom

O Grande Encontro (GE), uma actividade anual do Movimento Encontro de Jovens Shalom juntou em Fão, Esponsende, em Braga, jovens de quatro dioceses do pais para descobrir que a ecologia se preserva numa atitude cimentada na espiritualidade. Numa sociedade que constantemente apela a boas práticas ecológicas, mas que nem sempre constata bons resultados, o MEJ Shalom, que este ano assinala 40 anos de existência, optou por uma conscientização mais profunda. Vítor Lopes, representante eclesiástico no encontro e religioso da Comunidade Shalom apontou à Agência ECCLESIA que “falta uma atitude contemplativa face à criação, às pessoas, à natureza e à vida” e por isso se acredita que toda a sociedade está “informada e pensa estar a fazer tudo em termos de ecologia”. “Ecologia e Espiritualidade – para que tudo viva plenamente” foi o tema escolhido e a forma de apelar ao compromisso dos jovens. O objectivo não seria dar informação mas colocá-la como “base para uma acção diferente, numa abordagem nova”. O re interpretar a Bíblia tendo como base os textos sobre a criação “é um desafio”, aponta o Pe. Vítor Lopes que explica que “uma coisa é a Bíblia dizer «dominai a terra» e outra coisa é nós percebermos que também nos diz «cuidai e guardai a terra»”. Perceber a ecologia na relação consigo próprio, com os outros, com Deus e com a natureza. “O segredo está em perceber que toda a vida é dom de Deus e por isso, tudo o que vive, merece viver. Este é o caminho dos cristãos”. Caminho que os jovens foram percebendo e que culminou, no final da semana, com um compromisso. “Os jovens não querem simplesmente fazer, mas entusiasmar outros. Ajudar a perceber que a natureza tem vida e precisa ser cuidada”. Os jovens partiram da realidade que os rodeia. No início da semana puderam, junto do poder municipal, perceber as práticas e “apanhámos uma tremenda decepção”, frisa o religioso. “Não há um programa, apesar de se sentir no mundo a ânsia de se fazer muita coisa e mostrar que se faz, mas na realidade sem um plano de fundo e um projecto”, acrescenta o religioso. Como resultado da semana o sacerdote pode perceber que os jovens querem dentro do MEJ Shalom e dentro da Igreja “ter um projecto e creio que no início do ano de actividades, vamos sim debruçar-nos sobre isso, traçando passos concretos na vida de cada um”. Os jovens devem assumir-se numa “exigência sadia, harmoniosa mas muito forte dentro da sociedade, da Igreja e dentro do MEJ Shalom”. A reflexão que levam para fora pode “contribuir para uma mudança na maneira de ver as coisas. Começando pelas famílias, pelas paróquias, talvez mesmo a nível de vigararia no contacto com outros grupos”, os jovens não querem ser “modelo, mas através da interacção possam interpelar e abrir novos horizontes”. João Paulo Freitas, monitor do GE acredita que os jovens têm “condições para ser protagonistas do trabalho ecológico. Não basta a reciclagem, mas pede-se intervenção activa, visível na forma de estar e agir”. E o jovem cristão é uma pessoa “empenhada e em relação consigo, com o outro, com o meio”, salienta o monitor do encontro. “Acredito que se ganhou consciência do respeito pela obra criação de Deus”, pedindo agora uma acção “crítica e activa”. Uma acção a que os 36 jovens de Viana do Castelo, Braga, Coimbra e Lisboa foram chamados. Durante a semana os espaços de oração e a envolvência com a natureza – despertada através de caminhadas à praia e à floresta – fez o jovens “sentirem-se parte integrante da criação de Deus”. Uma semana pautada pelas quatro dimensões da realidade cristã – relação comigo, com o outro, com Deus e com a natureza. Paulo Costa, da paróquia de São Martinho de Árvore, em Coimbra, explica que a actualidade do tema assim como a dinâmica do encontro, ditaram a sua participação. Viver um encontro em contacto permanente com jovens de outras realidades é uma “experiência muito rica”. O seu conhecimento baseava-se nos princípios da reciclagem doméstica. Aqui descobriu que a ecologia é mais do que esse gesto. “Tem muito a ver com o cuidar de cada pessoa e do mundo, numa visão mais abrangente”. Por isso afirma que o jovem cristão deve acima de tudo “ser responsável, não sendo melhor nem pior que os outros”. A vida e a natureza, enquanto “dádivas de Deus merecem o nosso respeito e concretiza-se no lidar com as pessoas, com a natureza”. Já Sara Dias, da paróquia de Tires, em Lisboa estava relutante na participação. “Não estava muito entusiasmada, pensava que já tinha todas as informações que precisava”, confessa. A espiritualidade foi fundamental para mudar de opinião, porque “descobri como é que a Igreja vê a dimensão ecológica nas novas formas de sermos con-criadores”. Os jovens participantes no Grande Encontro vão agora organizar, na sua paróquia, encontros sobre o tema, com o objectivo de “transmitir a riqueza da reflexão e despertando o resto do grupo para esse compromisso também”, desenvolvendo a visão do cuidar, explica o Paulo Costa. A semana terminou Sábado, dia 25, com uma Eucaristia campal junto à capela de Nossa Senhora da Bonança, situada junto à praia da freguesia de Fão. Uma celebração onde a coordenadora nacional do MEJ Shalom, Daniela Pereira, recebeu a carta compromisso assinada por todos os jovens participantes na actividade, para que a reflexão seja assumido por todos os jovens do movimento, lançando também o novo ano pastoral.

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