A celebração do Natal é uma renovada oportunidade para acolher o dom maior que é o próprio Jesus Cristo. Aos cristãos e a toda a humanidade, Deus desafia a receber o Seu Filho na realidade concreta da vida. Há dois mil anos, no Natal histórico, Maria respondeu «sim» à proposta para ser Mãe de Jesus, São José dispôs-se a assumir uma missão especial e muitos aceitaram o convite para ir ao presépio. Hoje cada um é convidado a fazer parte da história do Natal. Como naquele tempo, também agora a atitude fundamental para viver mais plenamente o mistério do Natal é a disponibilidade para acolher o Filho de Deus.
O acolhimento do Verbo que se fez carne é condição indispensável para que a presença de Cristo seja mais real e efetiva nas nossas vidas pessoais, no espaço familiar, bem como na vida das comunidades cristãs e nos mais diversos grupos e instituições da sociedade. Ele é o grande dom que Deus nos concede para superar tantos sinais de trevas e de morte e abrir-nos caminhos novos de paz, alegria e fraternidade.
O desejo de acolher o divino não pode desligar-se da vontade de acolher o humano, sobretudo na sua fragilidade. Por isso, celebrar o Natal em espírito cristão inclui o esforço de nos acolhermos uns aos outros, começando pelos que vivem connosco. Não podemos, contudo, ficar limitados a este círculo mais restrito porque é imperioso dar uma redobrada atenção ao acolhimento dos que chegam de fora. Há ainda muito a fazer para acolher dignamente os migrantes e refugiados, sem perder de vista também aqueles que, entre nós, são mais vulneráveis, particularmente os idosos, os sem-abrigo, os que vivem sós e os que padecem de doenças mentais.
Aos homens e mulheres que ousam acolher a novidade divina e humana que Jesus nos traz, é proposta uma descoberta fundamental: Deus acredita na humanidade. Enviando o Filho, Ele não desiste de a amar e salvar, abrindo assim caminhos de esperança e de vida que pareciam fechados. Neste sentido, o Natal lembra-nos que acolher Jesus e viver segundo o seu espírito nos enche de esperança e nos desperta para gestos novos.
No contexto que vivemos de acrescidas dificuldades para algumas pessoas e famílias apelo a que valorizemos os gestos de partilha. Uma partilha sem exibicionismos mas como expressão de uma consciência fraterna que nos leva a ser solidários para com os irmãos mais carenciados. Uma partilha acompanhada pelo evitar de excessos que seriam socialmente injustos e até nocivos em termos ambientais.
Por outro lado, apelo aos mais jovens para que, neste Natal, acolhendo a Cristo, como Maria, se preparem ativamente para receber aqueles que virão de outros países e se disponham a ir ao encontro dos outros jovens para todos caminharem com alegria para a Jornada Mundial da Juventude. Às pessoas que estão em situação de maior sofrimento ou desânimo desafio a que abram o coração à esperança que Menino Jesus nos traz do céu e não se deixem vencer pelo medo ou preocupação mas acreditem um pouco mais em si e nos humanos.
A todos os diocesanos de Vila Real, às famílias e comunidades, àqueles que estão a viver longe da sua terra, desejo um Santo e Feliz Natal. Convido a que façam uma oração em família na Ceia da Consoada, rezando especialmente pela paz. Que Deus conceda a todos um bom ano novo, cheio de bênçãos do céu.
Vila Real, 15 de dezembro de 2022
D. António Augusto de Oliveira Azevedo, Bispo de Vila Real