Jovens detidos durante missa campal em Angola

Quatro jovens foram detidos em Cabinda, no norte de Angola, devido a incidentes numa missa campal presidida pelo Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, o Cardeal Ivan Dias. Os jovens foram condenados na passada segunda-feira, a dois anos de prisão com pena suspensa. Os quatro jovens foram detidos no dia 14, durante uma missa campal por exibirem cartazes contra a nomeação do bispo de Cabinda. Segundo a acusação, os jovens interromperam a Eucaristia exibindo cartazes que denunciavam a divisão na Igreja de Cabinda devido à nomeação de D. Filomeno Vieira Dias, bispo que não é natural do enclave. “A voz do povo é a voz de Deus”, “A Igreja de Cabinda está dividida” e “D. Filomeno não representa os céus para os fiéis” eram algumas das palavras de ordem escritas nos cartazes. Além de considerarem que houve uma politização da Igreja por ter sido nomeado um bispo não autóctone – que não representa as aspirações do povo de Cabinda – os fiéis estão “revoltados” pelo facto de o bispo, segundo eles, “continuar a negar a violação dos direitos humanos no território do referido enclave angolano”, salientou o advogado Martinho Nombo. “Essa atitude constitui uma provocação para a comunidade porque muita gente sabe que não é essa a situação real”, sublinhou o jurista à agência Lusa. Para Martinho Numbo, a detenção dos jovens não teve qualquer sentido porque “não fizeram desacatos, só exerceram o seu direito à liberdade de expressão”. Martinho Numbo disse ainda à Lusa que um dos condenados, Paulo Mavungo, “foi espancado durante o período de detenção”, facto que denunciou no tribunal, bem como a “inaceitável demora” do julgamento, vez que os jovens foram detidos no dia 14 do corrente, e apenas na segunda-feira passada compareceram em tribunal. O Cardeal Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos foi a Angola para uma visita pastoral de 12 dias. Foi a primeira vez que o Vaticano enviou uma delegação a Cabinda, após dois anos e meio de crise, desencadeada com a nomeação, no dia 11 de Fevereiro de 2005, de D. Filomeno Vieira Dias a bispo da Diocese de Cabinda. No passado dia 12, a Secretaria da Diocese de Cabinda, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA manifestava que “se a Igreja fosse o que algumas fontes, curiosamente, sempre anónimas, pretendem transmitir para certa imprensa, há muito teria perdido a sua pujança e expressão sacramental, isto é, a capacidade de transmitir aos crentes o transcendente que é Deus”, sublinhando que a Igreja de Cabinda está “viva e actuante presidida pelo bispo, sucessor dos apóstolos e garante da catolicidade da comunidade católica em Cabinda”. Notícias relacionadas Igreja em Cabinda está viva e actuante

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Agência ECCLESIA

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