Homenagem ao musicólogo Pe. Luis Rodrigues

A Casa do Povo da Longra, da Vila da Longra, freguesia de Rande, concelho de Felgueiras, realizará, no próximo dia 1 de Julho (domingo), pelas 17 horas, na sua Sala de Espectáculo, uma homenagem ao musicólogo, compositor e pedagogo Padre Luís Rodrigues. Esta homenagem insere-se nas comemorações das Bodas de Ouro do Coro de S. Tarcísio (Porto), que foi fundado pelo homenageado. Recentemente, a Câmara Municipal do Porto atribuiu a este Coro a Medalha de Mérito da Cidade O Padre Luís Rodrigues, falecido em 1979, se fosse vivo, completaria 101 anos de idade no próximo dia 6. Ao longo da sua vida, desenvolveu uma actividade que lhe valeria o Grau de Oficial da Ordem de Santiago de Espada, condecoração que lhe foi atribuída, a título póstumo, em 1979, pelo então Presidente da República, Ramalho Eanes. O evento irá consistir nas participações musicais do Coro de S. Tarcísio, com cerca de 50 membros, dirigidos por Jairo Grossi, e do Coro Gregoriano do Porto, com cerca de 20 membros, sob a direcção do Freitas Soares; no Órgão estará José Miguel Oliveira. Ao mesmo tempo, em partes intercaladas com a parte musical, José Amadeu Coelho Dias (Frei Geraldo) irá proferir, com recurso a meios documentais, a Conferência “O Padre Luís Rodrigues e o Coro de S. Tarcísio”. Será executado o “Te Deum Laudamus” dedicado pelo homenageado ao antigo Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes. Vida e obra do musicólogo Nascido em Rande, Felgueiras, a 6 de Julho de 1906, o Pe. Luís de Sousa Rodrigues faleceu a 24 de Abril de 1979, no Porto, onde teve uma vida fecunda como sacerdote, compositor e pedagogo. Conhecido por “Padre Luís da Lapa”, por ter sido Reitor desta igreja do Porto, foi um homem de vasta cultura; atraía muitos fiéis às suas missas pela clareza e pertinência das homilias e pelo impulso musical dado às celebrações, que contaram com a colaboração dos italianos D. Angelo Fasciolo, organista e compositor, e Inno Savinni, director da Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto. Sociável e pontual, apaixonado pela música e pela natureza, criou mesmo uma tintura de camomila usada e vendida ainda hoje numa farmácia da Rua Serpa Pinto, Porto, que pertenceu à família Reis, sua amiga. Tendo feitos os primeiros estudos no antigo Colégio da Longra, em Rande, Felgueiras, prosseguindo-os no Porto, Luís Rodrigues foi ordenado padre pela Diocese em 1930. No início do século XX, embora houvesse um Comissão Diocesana de Música Sacra e alguns padres compusessem uns cânticos para as edições de Eduardo da Fonseca, a música litúrgica no Porto não parece ter sido brilhante. A partir dos anos 40 e durante cerca de quatro décadas, o Pe. Luís Rodrigues desenvolveu uma actividade que lhe valeria o Grau de Oficial da Ordem de Santiago da Espada, condecoração que lhe foi atribuída, a título póstumo, em 1979, pelo então Presidente da República, Ramalho Eanes. Tendo frequentado Harmonia, Contraponto e Fuga com o compositor Cláudio Carneyro, no Conservatório de Música do Porto, aprofundou esses estudos com Charles Koechlin, pedagogo e compositor francês. Visitou as abadias de Saint Wandrille e Solesmes e actualizou-se com mestres do canto gregoriano. Foi colaborador da “Révue du Chant Grégorien”, dirigida por Lucien David, e das revistas “Cäcilian Vereins Organ” (de Colónia, Alemanha) e Lumen (Lisboa). No Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, Porto, foi professor de canto gregoriano, tendo aí publicado em 1946 o Tratado de Canto gregoriano e Polifonia Sagrada. Às portas do Concílio Vaticano II, fundou em 1957, o Coro Misto de São Tarcísio, que continua dinâmico na animação litúrgica e na divulgação da música sacra sob a direcção de Jairo Grossi, ligado à Igreja da Trindade desde 1997. Este Coro celebra, este ano, as suas Bodas de Ouro. Especialmente prolífico nas décadas 1930/1950, Luís Rodrigues tem um extenso catálogo de obras publicadas nas edições Lopes da Silva (Porto), Van Rossum (Utrecht, Holanda) e Carrara (Bérgamo, Itália). Publicou Música Sacra. História e Legislação, a única obra do género publicada em Portugal, e biografias de grandes compositores (Débussy, Mussorgsky). Compôs cânticos litúrgicos e religiosos, para crianças e adultos, peças para coro, órgão e orquestra. Curiosamente, o filme “A Cidade e o Pintor”(1956), de Manoel de Oliveira, tem banda sonora da sua autoria. A sua relação com a cultura reflecte-se nas suas ligações pessoais, desde o organista da Catedral de Compostela à violoncelista Guilhermina Suggia, sem esquecer as pessoas que encontrava dia-a-dia. Luís Rodrigues, que chegou a dedicar um “Te Deum” a D. António Ferreira Gomes, é um dos eclesiásticos que merecem figurar na galeria de notáveis do século XX em Portugal, um dos padres presentes na Enciclopédia da Música em Portugal no século XX, publicada pelo Círculo de Leitores com a colaboração de numerosos especialistas.

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