Moçambique: Bispos alertam para um novo apartheid

D. Francisco Silota, Bispo de Chimoio (Moçambique), alertou para o perigo de um novo “apartheid”, desta vez no país lusófono. Falando à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), este responsável aponta a presença dos fazendeiros brancos expulsos do Zimbabué como factor de instabilidade. Depois de terem sido expulsos pelo regime de Mugabe, estes fazendeiros estão a instalar-se em Moçambique e “fazem os moçambicanos sentirem-se como estrangeiros na sua própria terra”. D. Silota pede ao governo local que tenha cuidado e procure evitar situações como as do seu vizinho Zimababué. “Os fazendeiros trazem tecnologia moderna com eles e têm um forte sentido empreendedor, temos de ter cuidado para que não surjam tensões”, aponta. A diocese de Chimoio faz fronteira com este país e muitos refugiados estão a atravessar a fronteira. Esta situação cria problemas sociais, muito por força da falta de trabalho. O bispo moçambicano fala ainda da pobreza que leva as pessoas a ficarem desenraizadas, perdendo os seus valores tradicionais. Muitos fogem para os centros urbanos,um meio que acaba por ser “estranho e hostil”. Segundo D. Silota, a principal tarefa da Igreja consiste em implantar o Evangelho na cultura local. “A inculturação é a espinha dorsal de todos nossos esforços pastorais e sociais”, assegura, acrescentando que Jesus deve ser apresentado às pessoas como “um dos seus”. Para isso, a Igreja deve “traduzir a Boa Nova na língua do povo”, mas não só num sentido puramente linguístico, porque também é preciso integrar a totalidade das formas culturais de expressão enraizadas na região. “Na África, a fé não é algo isolado, mas compreende a pessoa e a vida em sua totalidade”, assinala. O Bispo está também muito preocupado pelo facto de 19% da população estar infectada com o HIV/SIDA. “Se a Igreja é o Corpo de Cristo, a propagação da SIDA significa que o Corpo de Cristo está fisicamente doente”, declara. Por outro lado, a Igreja opõe-se à exigência de muitos políticos de legalizar o aborto. Na cultura africana, a vida é valiosa e as crianças, um “tesouro”, assegura D. Silota. Departamento de Informação da Ajuda à Igreja que Sofre

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