Lei do Aborto excede pergunta do referendo

João César das Neves chamou a atenção para a regulamentação da Lei do Aborto, afirmando que o que se está a pretender é a liberalização, banalização e, em certos casos, a nacionalização da interrupção voluntária da gravidez, quando o referendo tratava apenas da despenalização. economista falava este sábado, na I Convenção Minhota pela Vida e pela Família, organizada pela Associação “In Familia”, que iniciou a sua actividade, em Braga. «Temos de lutar contra isto. Isto significa lutar institucionalmente e nós já estamos bem organizados nesse campo com pessoas que estão a tratar deste assunto em termos jurídicos, junto dos deputados na Assembleia da República e em termos políticos, junto dos partidos», disse. O economista fez ainda questão de realçar que é necessário estar preparado para outras lutas, realçando que, a curto prazo, esperam-se novos ataques à família, uma vez que a vitória do sim aumentou o seu ímpeto para outras frentes. Por outro lado, João César das Neves salientou também a importância de se demonstrar, em termos pragmáticos, que os defensores do não têm razão. «O mais importante é aquilo que se faz nas organizações pró-vida que lidam com a realidade do drama do aborto, que foi mitificado pelos nossos adversários », disse. Na sua opinião, é preciso ainda acompanhar as novidades que a derrota trouxe, nomeadamente a explosão do aborto, os problemas que vão surgir dentro das unidades de saúde e os lucros do aborto, com a actuação das multinacionais espanholas. No final desta intervenção seguiu-se o primeiro painel da convenção sobre “Família, Vida e Responsabilidade Social”. Alexandra Teté, da Associação Mulheres em Acção defendeu que, actualmente, há uma tendência para uma sociedade muito egoísta. Na sua opinião, o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez veio trazer um crescimento de associações em defesa pela vida e prontas a doarem-se. Para Alexandra Teté, a pior coisa que se pode fazer a uma mulher é destruir a família e, no seu entender, «é para aí que caminhamos». «Temos de sentir a responsabilidade daquilo que estão a fazer às nossas famílias», sustentou, realçando ainda que as mulheres têm um papel muito importante na defesa dos valores. Isilda Pegado, da Federação Portuguesa pela Vida, considerou, por sua vez, que o referendo sobre o aborto é um marco negativo na nossa história, com várias implicações, salientando que, «o que é relevante é o acto que deixou de ser crime para passar a ser um direito». Agora, disse, é o momento de perguntar como sair desta situação. Segundo explicou, a Federação Portuguesa pela Vida vai a curto prazo trazer a público três grandes temas. O primeiro é o da maternidade. «É necessário recuperar o valor da maternidade», disse, revelando que a Federação vai realizar em Novembro o congresso “Maternidade. Que futuro?”. Outro tema a desenvolver é a promoção de um olhar sobre as políticas públicas e para o que dizem sobre a família. Por fim, o terceiro tema a desenvolver é a defesa de uma intervenção mais activa nas políticas por parte dos cidadãos. A última intervenção neste painel pertenceu a Fátima Fonseca, do CENOFA que trouxe alguns dados de um relatório, onde se afirma que, na Europa há uma criança abortada em cada 25 segundos e um divórcio em cada 30 segundos. No seu entender, «há que arregaçar as mangas e trabalhar». A sociedade civil permite a intervenção das associações e, por isso, «há lugar para todos trabalharem », salientou. O segundo painel abordou “A família e a Vida na Comunicação Social”. A jornalista Graça Franco lembrou que na “vida”, a novidade não é frequente e, por isso, é difícil trazê-la na agenda mediática. No entanto, sublinhou a vida pode ser notícia se houver actores dispostos em manter a problemática activa. No entender de Graça Franco, os meios de comunicação social que desprezam a 3.ª Idade e valorizam a juventude estão a fazer pior à família do que as notícias. João César das Neves, que voltou a intervir neste painel, apenas salientou que, neste momento, há imensas oportunidades na comunicação social que as associações próvida não estão a aproveitar. «Todos os elementos estão do nosso lado», sustentou. Por fim Paulo Núncio, da Plataforma Não Obrigada, apresentou a experiência da campanha eleitoral para o referendo sobre o aborto. Na sua opinião, o esforço que foi desenvolvido nessa altura tem de continuar. «O ponto de viragem vai acontecer quando as pessoas se comoverem perante a fragilidade da vida», realçou.

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