Conselho Presbiteral de Braga contra as absolvições colectivas

O Conselho Presbiteral de Braga não recomenda as absolvições colectivas na celebração do sacramento da Reconciliação e vai manifestá-lo num documento dirigido a todos os sacerdotes da Arquidiocese, no qual incentivará tanto os padres como os fiéis à prática da confissão frequente como dom e graça. A falta de diálogo pessoal e de ajuda personalizada, que é desejo e necessidade de quem se confessa, são algumas das razões apontadas pelos padres conselheiros do Arcebispo Primaz, que estiveram reunidos terça-feira no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese de Braga, para não recomendarem as absolvições colectivas dos pecados. Essa é também a opinião do padre Dário Pedroso, que conduziu a reflexão sobre a prática do sacramento da Reconciliação, em ordem a vivê-lo e celebrá- lo «seriamente». O texto que serviu de base para esta reflexão deverá ser também o núcleo do documento a enviar às paróquias e outras comunidades eclesiais, em ordem a incentivar a prática do sacramento da Reconciliação. Para aquele sacerdote jesuíta, «há cada vez mais abusos» nas celebrações colectivas do sacramento da Confissão, Penitência ou Reconciliação, «e parece não ser por desconhecimento » das normas da Igreja. Normas que ontem o padre Dário Pedroso recordou logo no início da sua intervenção, que teve como finalidade ajudar a reflectir e a discernir a «vontade de Deus e o querer da Igreja acerca de algo tão rico e tão importante». «Nas absolvições colectivas – afirmou o padre Dário Pedroso – não há, como os fiéis, na sua maioria, desejam e todos precisam, o diálogo pessoal, a ajuda personalizada, o estímulo à sua dificuldade própria, a escuta de seus problemas, o alívio de ter dito a outro, e esse outro é alguém qualificado pelo sacramento da Ordem [isto é, um sacerdote], os seus pecados e os seus problemas». «Falta nas celebrações colectivas, sem absolvição e diálogo individual, a terapia do diálogo, a graça do confronto, a palavra estimulante para cada caso e cada pessoa. Muitos, passados anos – acrescentou –, voltam a confessar aqueles pecados que tinham no momento da celebração colectiva, pois nunca se sentiram verdadeiramente perdoados». Na sua reflexão, tanto o padre Dário Pedroso como os sacerdotes conselheiros do Arcebispo de Braga, que voltam a reunir no dia 27 de Novembro, reconheceram que, «se todos os sectores da vida cristã precisam duma formação contínua, duma evangelização continuada, o sacramento da Reconciliação, devido às muitas dificuldades que se lhe apresentam, necessita de ser olhado com particular cuidado». Entre outros aspectos, sugeriu o padre Dário Pedroso, «a imagem de Deus como Pai, não como juiz ou como carrasco, precisa de ser lembrada muitas vezes com uma catequese adequada». A educação para o valor do exame de consciência, que ajude a descobrir o sentido do pecado e das suas consequências, levando o cristão a perceber a sua gravidade e a necessidade de conversão; o acolhimento paternal do confessor, à imagem do Bom Pastor ou do Pai do Pródigo, que transpareça atenção, delicadeza, bondade, estímulo para o penitente; e uma adequada renovação no “tipo” de penitência a dar, para ajudar o penitente a descobrir outros modos de satisfazer pelo perdão recebido, para ser enriquecido na sua maneira de rezar e na compreensão do valor da penitência; e descobrir a Reconciliação como espaço de diálogo espiritual, de discernimento, porventura vocacional», foram outros aspectos apontados pelo sacerdote jesuíta. Isto implica, como recomendou o padre Dário Pedroso e com o qual concordaram os membros do Conselho Presbiteral, a existência de locais condignos e horários para a celebração do sacramento, bem como de momentos de preparação – por exemplo, uma celebração da Palavra, como sugeriu o Arcebispo Primaz. Competência Na abertura da reunião do Conselho Presbiteral, D. Jorge Ortiga afirmou que «o ministério da Reconciliação é a tarefa insubstituível e original que a Igreja deve proporcionar ao homem pós-moderno». Disse também que «a Arquidiocese necessita do testemunho de sacerdotes consagrados, com alegria e encanto, à tarefa confiada». E que «o fundamental é que, todos e cada um, se examinem para verificar se estão a tempo inteiro, de alma e coração, na tarefa confiada». «Necessitamos de muito maior formação universitária e específica. Só que nem sempre dispomos dos sacerdotes para determinadas especializações. Da minha parte favoreço, estimulo e apoio com vigor ou manifesta vontade de prosseguir estudos em determinadas áreas», acrescentou. «Para quem quiser nunca faltam ocasiões, mais ou menos temporárias, nacionais ou no estrangeiro, assim como meios de actualização permanente e de alcance imediato», disse ainda D. Jorge Ortiga, defendendo que «a exclusividade exige competência naquilo que se faz».

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Agência ECCLESIA

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