Vaticano: Um «esquema de reflexão espiritual» é a relíquia de João Paulo I para a beatificação

Cidade do Vaticano, 02 set 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai beatificar João Paulo I este domingo, no Vaticano, e a relíquia que vai ser apresentada na cerimónia é “um esquema de reflexão espiritual”, proveniente do Arquivo Privado Albino Luciani.

“É um esquema de reflexão espiritual sobre as três virtudes teologais – fé, esperança e caridade – que recorda o Magistério das audiências gerais de 13, 20 e 27 de setembro de 1978”, explica o Vaticano.

Uma nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, pela Sala de Imprensa da Santa Sé, explica que a relíquia que vai ser levada ao Papa Francisco, na celebração de beatificação, é um texto assinado por Albino Luciani (João Paulo I), numa folha branca, com data de 1956.

A relíquia pertence ao Arquivo Privado Albino Luciani, (APAL, património da Fundação João Paulo I, um organismo do Vaticano, que quer destacar a “atualidade” do magistério de Albino Luciani, sucessor de São Paulo VI,  criado por decisão de Francisco, em 2020.

Sobre o relicário, o Vaticano informa que tem na base uma pedra, proveniente de Canale d’Agordo, a terra natal de João Paulo I, em cima uma cruz esculpida em madeira de nogueira, que caiu na tempestade de 29 para 30 de outubro de 2018, em Itália.

No pedaço de madeira destaca-se o escrito assinado por Albino Luciani dentro de uma cruz, e esta obra foi concebida e criada pelo escultor Franco Murer.

Depois, a relíquia vai ser guardada e exposta aos fiéis na Catedral de São Martinho, em Belluno, onde Albino Luciani serviu de 1943 a 1958, e onde, foi aberta solenemente a Causa de Beatificação e Canonização de João Paulo I, a 23 de novembro de 2003.

O artista italiano já tinha dedicado à memória do Papa Luciani a Via Sacra no caminho florestal-pastoral de Canale d’Agordo a Falcade, e o retrato em bronze da ‘Scuola Grande’ e da igreja de São Roque, em Veneza.

Franco Murer, em 2010, criou os azulejos de bronze da centésima fonte dos Jardins do Vaticano, dedicados a São José, que foi inaugurada por Bento XVI.

A Missa da beatificação do Papa João Paulo I, penúltima etapa para a declaração da santidade, pela Igreja Católica, decorre na Praça de São Pedro, a partir das 10h30 (menos uma hora em Lisboa) de 4 de setembro.

Albino Luciani nasceu em Canale d’Agordo, Diocese de Belluno, no Véneto, a 17 de outubro de 1912; era patriarca de Veneza quando foi eleito Papa a 26 de agosto de 1978, assumindo o nome de João Paulo I; recusou a coroação formal e não quis ser carregado na cadeira gestatória, ficando conhecido como o “Papa do Sorriso”.

O processo de beatificação de João Paulo I chegou ao Vaticano a 3 de janeiro de 2007, altura em que, na Congregação para a Causa dos Santos, foi aberto o envelope oficial com os documentos relativos à investigação diocesana sobre a heroicidade da vida e das virtudes, assim como sobre a fama de santidade.

O decreto que reconheceu as “virtudes heroicas” do futuro beato foi aprovado em novembro de 2017.

O tribunal eclesiástico para o inquérito diocesano começou as atividades em 22 de novembro de 2003 e concluiu os seus trabalhos três anos depois; nas 203 sessões do processo, foram ouvidas 167 testemunhas.

A cura reconhecida como milagre, que abriu caminho à beatificação, aconteceu na Argentina, em Buenos Aires, há cerca de dez anos.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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