Viana do Castelo: Quem visita a festa da Senhora da Agonia é «exposto a grandes doses de contemplação» – padre João Basto 

Responsável pela comunicação da diocese conhece obastidores da festa, que sente como um «verdadeiro convite a parar»

Foto: Romaria d’Agonia

Viana do Castelo, 16 ago 2022 (Ecclesia) – O padre João Basto, responsável pela comunicação da Diocese de Viana do Castelo, contou à Agência ECCLESIA que conhece os “bastidores da festa da Senhora da Agonia”, desde criança, e sente a contemplação na festa como um “verdadeiro convite a parar”.

“A festa é uma expressão de total gratuidade e quem a visita é exposto a grandes doses de contemplação, porque o que temos aqui é um verdadeiro convite a parar, a contemplar, por exemplo o desfile é contemplar as mordomas, vemos a beleza e praticamos o olhar a partir daí, depois uma dose substancial de saudade prática, gestos e rituais na romaria que têm esse significado”, explica o sacerdote à Agência ECCLESIA.

Com a festa a regressar às ruas de Viana do Castelo, depois do interregno de dois anos de pandemia, o padre João Basto explica que a cidade “está em rebuliço e há muita expetativa”.

“A cidade já tem as iluminações e vai-se preparando para a festa, uma festa em que se entrelaça o religioso e o profano, aqui no Minho é natural que assim seja, não existe distinção entre estes dois polos”, indica o sacerdote, de 25 anos. 

Foto: Romaria d’Agonia

Oentrevistado indica que a “festa da Senhora da Agonia tem um significado especial para todos os vianenses” mas com o seu “avô a pertencer à comissão de festas, desde sempre” este regresso tem “outro gosto”.

“Conheço os bastidores da festa, tudo o que o meu avô me foi mostrando, e retomar as festas é quase mudar-nos para a casa do meu avô, como que sendo uma grande estação de serviço, todos na família vamos passando nos eventos do programa e sempre participei nos desfiles, na procissão, e, quando fui ordenado todas as dimensões litúrgicas tinham elementos do traje regional”, recorda. 

Os cinco dias de festa vão ser marcados por 45 momentos e esperados milhares de visitantes que, segundo o sacerdote, “não é confusão porque estão habituados e gostam de receber”. 

Quem nos visita pode esperar uma expressão de ancestralidade que não é comum no mundo veloz como o nosso”.

Quanto à devoção à Senhora da Agonia, tradicionalmente “conhecida pela ligação aos pescadores, o sacerdote recorda também que o monte onde está situada “tem a dimensão da morte e ressurreição porque era no monte da forca” e o cunho de peregrinação por ali “passar o caminho para Santiago de Compostela”. 

“A temática do olhar é aqui muito presente porque a imagem da Senhora da Agonia está com os olhos para baixo porque olha o filho morto nos braços mas, quando passa nas ruas, olha para as pessoas que a levam e que estão a ver a procissão, e a dimensão do olhar é muito forte e clara em tudo o que se faz”, indica.

Para o padre João Basto a procissão do mar, no dia 20 de agosto, é dos momentos altos da festa, com a imagem a percorrer as ruas da ribeira, “devidamente entapetadas com sal”. 

“As ruas com sal, moldes e motivos marítimos mostra a vontade de colocarem a imagem de Nossa Senhora a passar na vida, casas e ruas, como se fosse o seu local de trabalho, transformando as ruas num pequeno mar”, resume.

SN

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Agência ECCLESIA

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