Bispos do Guatemala pedem defesa «urgente» da vida

“A cultura da morte na qual os guatemaltecos estão imersos” marca a urgência da defesa da vida no país, advertem todos os bispos. Nesse sentido, escreveram uma Carta Pastoral – «A Glória de Deus é a vida do homem» – difundida recentemente pela Congregação vaticana para a Evangelização dos Povos. A esperança que se lê nos 48 pontos da carta não diminui o drama que denuncia, dando a conhecer a realidade de um país cujos habitantes vêem atacada a sua dignidade por “uma pobreza”. Cerca de 5% da população mais rica, segunda os bispos, concentra 63 vezes mais riqueza que o 5% mais pobre, e a Guatemala é um dos países mais assimétricos do mundo, uma vez que 20% da população percebe menos de 2% da receita nacional e 56% da população (7,3 milhões de pessoas) «mal vive» abaixo do limiar da pobreza. A Guatemala ocupa o primeiro lugar na América Latina em desnutrição crónica e o sexto lugar a nível mundial, ficando atrás do Nepal e da Etiópia. Contudo, “a participação do sector público [do país] em investimento social é absolutamente insuficiente”, coisa que “nega o critério ético social do ‘bem comum’” denuncia unanimemente o episcopado da Guatemala. O país é jovem (a metade de sua população não chegou à maioridade), mas não existe quase emprego para os 140 mil jovens que o buscam cada ano. Entre os fenómenos mais “terríveis e dolorosos” que os bispos denunciam está “o crescimento de grupos de delinquência juvenil, “um problema quase sem solução”. São circunstâncias que, em conjunto, levaram a 1,2 milhão de guatemaltecos a emigrar para sustentar as famílias no seu país de origem. Pagaram como preço “a separação e a distância de sua família que chega em não poucos casos à desintegração”, lamentam os bispos. Merece um especial destaque, na pastoral, “a violência impiedosa”. De 2000 a 2005, foram registadas 23 mil mortes violentas na Guatemala. A maioria de homens, mas também há mulheres e muitas crianças. “Sentimos e sabemos que viver é algo valioso que deve ser respeitado em nós mesmos e nos outros, é um bem pessoal e um bem comum”, adverte a Conferência Episcopal guatemalteca. E nas actuais circunstâncias, “a defesa da vida é um importante desafio que só poderá ser enfrentado vitoriosamente se for realizado desde um profundo sentido de fé”, guiado pelos princípios éticos. “Deve-se lutar contra a cultura da morte e da violência” pede o episcopado. Com Zenit

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