Pobreza, uma questão de direitos humanos

Subdirector-geral da UNESCO, Pierre Sané, espera forte mobilização da opinião pública contra esta «injustiça» “Desenvolvimento Global e solidário: que lugar para a cidadania?” trouxe a Portugal o subdirector-geral da UNESCO, Pierre Sané, para a sessão de abertura da Conferência Nacional “Por um desenvolvimento global e solidário – um compromisso de cidadania”. Esta iniciativa, da Comissão Nacional Justiça e Paz, afirma a total possibilidade de erradicação da pobreza. A análise mundial e, em especial do quadro português, reúne no Colégio São João de Brito, em Lisboa, especialistas que apontam formas para que tal aconteça. Quando a pobreza for considerada uma questão de direitos humanos e abordada segundo um ângulo humano, “será vista como uma questão de justiça e quando colocamos os problemas em termos de injustiça é mais fácil de mobilizar a opinião pública e os cidadãos para combater uma injustiça”, explica Pierre Sané à Agência ECCLESIA. “Por isso o ângulo dos direitos humanos é importante, porque atrai as forças da opinião pública para se mobilizarem contra uma injustiça”. A questão da pobreza sempre foi considerada como pertencente à esfera económica e um problema a esse nível. As economias dizem que para erradicar a pobreza precisamos, primeiro de atingir o crescimento económico para depois poder distribuir. “Mas isso não resulta porque os países que atingiram o crescimento económico não procederam à distribuição da riqueza de forma adequada e a pobreza existe também nos países ricos”. O Sub director-geral da UNESCO acredita que esta não é uma questão de crescimento, porque “hoje no mundo existe o suficiente para assegurar que todos possam viver uma vida com dignidade. É antes uma questão se partilha entre os habitantes do planeta”. Uma partilha que encontra entraves numa “falta de redistribuição adequada, nas políticas económicas injustas e na falta de solidariedade nos países e entre os países”. Da qualquer forma, a noção de que não podemos continuar assim está presente em todo o mundo. “Existe uma mobilização para estas questões”, explica exemplificando com os objectivos do milénio enquanto compromissos de redução da pobreza para metade nos próximos oito anos. “A consciência sobre a persistência e aumento da pobreza, no meio de uma grande riqueza, está a ganhar terreno. Esperamos que com a mobilização da opinião pública os políticos se organizem para acabar com a pobreza”. Responsável pela abertura, mas presente em toda a Conferência, Pierre Sané acredita que “este encontro trará uma motivação acrescida para os participantes e para todos as organizações aqui representadas”. Refere que os que ali se encontram estão “já sensíveis para estas questões”, mas prontos a reflectir sobre a “realidade portuguesa e sobre as acções necessárias na sociedade”.

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