LUSOFONIAS – Peregrinação por Missões do Huambo

Tony Neves, em Angola

Angola, por estes dias, foi marcada pela reunião dos Bispos Católicos, realizada em Luanda, de 15 a 21 de julho. Abordaram muitos temas da actualidade e publicaram, como é habitual, um Comunicado de Imprensa. A um mês das eleições, os Bispos fizeram uma análise da situação do país. Constataram: ‘uma tímida melhoria no tratamento das actividades dos partidos políticos. Encorajam todos os órgãos de comunicação a fomentarem a cultura do contraditório e da informação imparcial a bem da cidadania e da democracia’. Mas também constataram e denunciaram ‘vários focos de instabilidade pré-eleitoral, com sinais claros de violência física e verbal, entre os partidos políticos, pelo que apelam para a necessidade da salvaguarda da paz e da reconciliação, dentro das legítimas diferenças’.

Mas voltemos à minha visita: o ponto de chegada desta viagem missionária era o Huambo, cidade onde eu aterrei em 1989, antes ainda da queda do muro de Berlim. De 17 a 24 de Julho, decorreu o VII Capítulo Provincial dos Espiritanos, com o lema ‘Eis que renovo todas as coisas’ (Ap 21,5), na continuidade do Capítulo Geral dos Espiritanos, realizado na Tanzânia em Outubro de 2021.

Os Espiritanos estão em Missão em Angola desde 1866, presentes hoje em 29 Comunidades, espalhadas por 13 Dioceses. São 124 membros, estando 26 a trabalhar fora do país. Têm o número recorde de 102 jovens em formação, sinal de um futuro promissor. Também o movimento laical está em franco crescimento, como expressou o Dr. Bartolomeu Hangalo na sua intervenção capitular.

Os documentos finais confirmam as opções missionárias aprovadas no Capítulo Geral desta Congregação Missionária.

Três festas marcaram o encerramento do Capítulo: o Jubileu de Prata e as Profissões das Irmãs Filhas d’África, a Profissão Perpétua e a Ordenação Diaconal dos 12 finalistas de Teologia que farão seu estágio diaconal em diversas Missões de Angola e aguardam pela nomeação missionária que lhes será atribuída pelo Superior Geral, a partir de Roma.

A quinta-feira, 21 de Julho, foi de ‘peregrinação’. A primeira paragem foi no Bailundo, uma Missão centenária, cheia de histórias, umas felizes, outras trágicas. Ali vimos as estruturas criadas pelos Espiritanos e pelas Irmãs de S. José de Cluny, com investimentos na pastoral, na saúde, educação e desenvolvimento. Prestamos uma sentida homenagem ao P. José Afonso Moreira, que ali viveu dezenas de anos, resistiu a todo o tempo da guerra e seria barbaramente assassinado quando os combates já tinham acabado. Está sepultado no Cemitério da Missão.

Do Bailundo seguimos para o Chinguar, a meio caminho entre o Huambo e o Kuito-Bié. Lá também trabalham os Espiritanos e as Irmãs de S. José de Cluny. Visitamos o grande centro de peregrinações da Diocese do Kuito-Bié, o Santuário do Monte Chimbango, onde se congregam milhares de pessoas a 12 e 13 de Maio, para celebrar a Padroeira, Nossa Senhora de Fátima. Este morro, donde se vislumbra uma paisagem de sonho, já era local de devoção a Nossa Senhora de Fátima, no tempo colonial. Mas, a construção do actual santuário a céu aberto deve-se, sobretudo, ao P. Agostinho Loureiro, Espiritano de Barcelos, recentemente falecido.

De regresso ao Huambo, passamos junto ao Memorial que recorda a emboscada que matou o P. Nicolau Lighart (Espiritano holandês, cujo túmulo visitei no Cemitério de S. Pedro, no Huambo) e o P. Adriano Kassala (Diocesano do Huambo), ocorrida durante a guerra civil. E terminamos na histórica Missão do Kuando, lá onde está sepultado um dos grandes pilares da evangelização do planalto central de Angola, Monsenhor Keilling.

Com passado histórico e presente muito activo, a Missão Espiritana em Angola tem as portas abertas para um futuro muito promissor.

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Agência ECCLESIA

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