D. Eurico Dias Nogueira propôs, dia 28 de Setembro, em Santarém, a retoma do processo de canonização de D. Fernando, o Infante Santo, figura de culto popular. O Arcebispo emérito de Braga lançou o repto no encerramento do congresso internacional “Santarém e o Infante Santo, 600 anos”, que decorreu nos últimos três dias naquela cidade, com a participação de numerosos estudiosos portugueses e estrangeiros. D. Eurico Nogueira apontou os caminhos para uma eventual retoma do processo, sugerindo como mais simples e mais célere o do martírio (que não requer a prova do milagre) e como entidade promotora a Diocese de Leiria-Fátima (dado que os restos de D. Fernando se encontram no Mosteiro da Batalha), com apoio da Conferência Episcopal Portuguesa e a colaboração da Ordem Dominicana, sempre associada ao seu culto na Batalha. No seu entender, a obra lançada durante o congresso , “Vida do Infante Santo”, de António Ribeiro Rebelo, seria um «primeiro passo, muito importante e talvez decisivo», já que é imprescindível o lançamento de uma «boa biografia actualizada». O prelado recordou que na segunda metade do século XVI foi redigida uma biografia de D. Fernando em latim, mantida na Biblioteca do Vaticano, sem autor assumido. Um «valioso documento», cuja edição crítica, da autoria de António Rebelo, sairá em breve, sendo «obrigatório ponto de partida para eventual retomada do processo», explicou D. Eurico Dias Nogueira. «Vale a pena relançar ou retomar esta causa, mesmo que o processo não chegue, ao menos no imediato, ao desejado desfecho», afirmou. Segundo disse à Lusa, o processo de beatificação e de canonização seria «um meio extraordinário de projectar» o Infante Santo, uma «figura nacional» motivo de «orgulho e de estímulo, numa época de crise de valores espirituais». Para D. Eurico Nogueira, quando uma figura histórica é apelidada pelo povo como santo «é sinal de que há percepção, sentimento, de que se trata de uma pessoa invulgar e, na perspectiva cristã, de um herói do cristianismo», correspondendo, no seu entender, D. Fernando à imagem de «cristão autêntico, assumido, que pôs essa qualidade acima da própria vida».
